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| Foto por Ângela Antunes |
Ainda estou a ouvir o timbre arrastado com que costumávamos cantarolar esta afirmação.
Lembro-me de, umas vezes dizer isto a rir. E outras vezes, gritar isto com irritação quando não gostava do que me tinham chamado.
As PROJEÇÕES da SOMBRA falam disto.
Vários investigadores da Sombra Humana afirmam que aquilo que não sabemos, não conseguimos, não queremos reconhecer em nós por ser doloroso, vai para o subsconsciente e projeta-se para o exterior. E vamos experienciar aqueles aspetos noutros.
Alguém irá carregar com aquelas projeções (a meu ver são campos energéticos) para que possamos ver-nos, adquirir consciência de nós e para que possamos resgatá-las para que se possam integrar na nossa Consciência e usá-las de forma útil e saudável e necessária, a nosso favor. Precisamos de todos os aspetos connosco. Caso contrário iremos sentir-nos vazios e incompletos. Sensações inexplicáveis.
Neste trabalho que facilitado de Resgate da Sombra, acontece este processo de integração, muito natural e espontaneamente.
As crianças também projetam. Somos todos, acredito eu, seres energéticos. A Consciência é um campo de energia - para mim.
Acredito que há um fundo de verdade naquela afirmação das crianças e sabe-se lá onde veio aquela sabedoria que sai das suas bocas, nas escolas. As crianças não sabem nem têm de saber.
Só têm de ser crianças, na minha visão. Ainda que, possam ser educadas para a consciência de si e do efeito que os seus comportamentos têm na sua vida e que uma coisa é o SER e outra coisa é o FAZER/COMPORTAR.
- tive duas crianças que hoje já estão no inicio idade adulta e fiz muitas asneiras e tive a oportunidade de fazer correções a partir do momento em que em 2009 comecei o meu trabalho interior com Emídio Carvalho, ainda meu mentor e à medida que ia ganhando consciência de mim e aprendendo -A chave está na educação dos adultos. Na maioria das vezes trabalhamos os adultos, uma vez que as crianças, adolescentes e adultos à nossa volta aprendem e repetem o que vêem (conforme lhes agrada ou não) os adultos fazer, dizer, comportar, relacionar.
Os meus filhos, hoje fazem coisas muito diferentes, vivem de um modo muito diferente, têm hábitos muito diferentes da maoria dos jovens da sua idade. Aqui observo a mudança que houve em mim. Aqui sei que aconteceu trabalho em mim. Eles mostram-me. São projeções minhas. Estou deliciada com o que vejo.
Houve uma altura em que tive a tentação de afirmar ''fui eu'' que os mudei. mentira. Eu mudei. O resto é só observar...
Nós, em conjunto temos um modo de vida bastante diferente da maioria. Parece estranho aos olhos de quem vê. Parece um modo de vida meio louco, até. Muito saudável, muito mais simples e prático.
O que eu chamo a outro (e que me causa uma reação emocional intensa), está em mim e necessita de reconhecimento e acolhimento em amor, em bondade, em compaixão, em humildade, para que se integre espontânea e saudavelmente.
Cada vez que alguém lhe chamar algo, não tem a ver consigo, tem a ver com a pessoa, ainda que muito provavelmente não saiba disso.
Em ambos os casos, são processos do Inconsciente.
Quando tornamos consciente, a meu ver, começa o processo de ''cura'' interna.
A ''cura'' não é a ''eliminação'' para deixar de existir. É um processo natural e espontâneo. Esse aspeto começa a ficar disponível para o usarmos de forma necessária, útil e benéfica. Deixa de estar projetado noutros de uma forma que nos irrita, incomoda. Aqui quem passa mal, somos nós mesmos. Estas irritações corroem por dentro. Já deve ter dado conta.
É a minha experiência e vivência pessoal.
Quando alguém tem uma reação emocional intensa, na sua presença, algo em si, terá despoletado algum aspeto no subconsciente da pessoa e veio à tona. E a pessoa reage.
''SÓ CONSIGO VER NO OUTRO AQUILO QUE TAMBÉM ESTÁ EM MIM'', Debbie Ford
O que a pessoa lhe chamou, não precisa de ser levado para o campo pessoal, como um ataque a si. Caso consiga ter isto presente.
Por outro lado, não lhe compete a si dizer à pessoa que isto ´´e uma projeção dela''.
Vai mexer em terrenos pantanosos e as pessoas não gostam. Irão virar-se contra si. Pela minha experiência, só alguém a fazer trabalho interior profundo consigo mesmo, há um bom tempo, aceitará de bom grado o que lhe diz.
Quando lhe chamarem algo, pode ficar consigo, com a atenção para dentro de si e não levar a mal. Apenas ciente disto.
Quando estamos bem, não chamamos outros de coisas menos agradáveis.
Quando alguém nos chama algo de que não gostamos, esse alguém também não estará a passar bem.
Não estou a dizer que tudo é aceitável.
Por vezes, é necessário chamar a pessoa à atenção e fazer-lhe saber que nos incomodou e/ou nos sentimos magoámos.
Não se recomenda fazê-lo no momento em que recebe o que lhe foi dito, como uma ''facada no estômago'' - isso significa que, provavelmente irá ter reação de contra-ataque.
Na minha experiência, não há paz nem capacidade de reflexão e auto-descoberta e ação construtiva quando recebo algo que me dizem ou fazem diante de mim, como ''acusação ou falta de respeito até'' e reajo em ''contra-ataque''.
Assim se destroem relacionamentos em todas as áreas, sobretudo a relação connosco . Deixamos de estar Presentes para a Presença Sagrada que vive em nós e que pede ''espaço'' para se mostrar no nosso comportamento.
Há que processar a emoção primeiro e, noutro momento com clareza mental, então falar. Uns murros na parede, em almofadas; uns gritos, umas corridas para soltar a raiva... podem ajudar.
Será benéfico para todos. E nem sempre se consegue. E é OK! Dê-se OK quando não consegue! Seja seu amigo(a) quando não consegue. Acima de tudo é humano(a). A ganhar consciência de si.
Será pela repetição que muitas vezes vamos conseguindo estar cientes de nós, momento a momento, passo a passo. Um dia de cada vez.
algo sobre si, está a ''ser aquilo''
A Realidade é que, por vezes essa pessoa pode expressar/ser aquilo que diz que você é. Essa pessoa não expressa aquele aspeto a tempo inteiro.
Confuso?
Naquele exato momento em que eu afirmo algo sobre outro, estou a ser aquilo!
Do mesmo modo, às vezes eu posso expressar aquele aspeto. Não sou assim a tempo inteiro.
Por Exemplo:
No momento em que chama outra pessoa de ''mesquinha'', nesse exato momento, está a ser mesquinha com a outra pessoa. Como sabe o que vai dentro da outra pessoa? Como ela se sente? Quais as suas experiências de vida? Como foi a sua infância? Não há condições para poder julgar quem quer que seja.
Tenha em mente que O MESQUINHO - aspeto que a maioria de nós humanos rejeita e portanto, habita a Sombra Individual e Coletiva (excepto para seres humanos a viver na maior escuridão) possui um lado muito útil e necessário, grandioso. A maioria dos humanos desconhece o lado saudável deste aspeto e muito útil na vida do quotidiano e nas relações em geral.
Você tem de querer ir dentro de si e explorá-lo. Fica uma ideia geral.
Tenha em mente que as Projeções da Sombra não são apenas isto. E por vezes, assumem formas pesadas.
Na sua mão, está apenas o trabalho de levantamento, reconhecimento, investigação, descoberta.
E depois o abraçar , que significa: levar à sua sombra o amor que ela mais precisa para se curar, integrar e passar a fazer parte da sua Consciência (e não da sombra), de forma saudável, útil e necessária para si e na sua vida e interações do quotidiano.
Recomendo que o trabalho, no início e, durante um bom tempo (não sei qual o tempo apropriado para cada um -e não espere algo rápido) seja acompanhado por um facilitador nesta área.
É o tipo de trabalho que fazemos nas sessões, cursos, workshops.
Até à próxima Reflexão,
Ângela Antunes
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