sexta-feira, 28 de junho de 2024

Não gosto de regras!

''Não gosto de regras''. Foi uma frase que em tempos alguém me disse numa conversa banal.

Fiquei calada a refletir.

A maioria de nós humanos, não gostamos de regras.

Quando refletimos nisso, bem cá dentro de nós, podemos verificar que ''regras'' são apenas linhas de orientação para podermos funcionar juntos, coexistir juntos, com as nossas semelhanças e diferenças.

Tem de haver uma organização. Como seria viver em sociedade, trabalhar numa empresa ou para um empregador, conduzir nas estradas, etc, sem regras de orientação? 

Há coisas de que nunca vamos gostar mas, se queremos viver bem connosco, com a vida como é, sem conflito interior e com as situações e pessoas, há que explorar o que se acredita àcerca ''regras'' e descobrir os malefícios do que pensamos sobre ''regras''. 

E descobrir ainda, o que poderia estar disponível de benéfico, de ganhos, se conseguisse desistir daqueles pensamentos que tenho sobre ''regras'', que me fazem sentir desconfortável, de que forma poderia a minha vida quotidiana tornar-se mais leve, sobretudo nas situações de que ''não gosto'' e nas situações onde alguém coloca ''regras'' e isso me incomoda. Como seria viver as regras do quotidiano se não acreditasse que ''regras são más''? ''Pessoas que colocam regras são...''

Não gostamos de regras porque teremos associado coisas a ''regras'', instruções que nos foram dadas numa certa altura da nossa vida, uma norma de funcionamento que nos impuseram quando éramos pequenos. Talvez na escola, em casa, noutros lugares que frequentávamos. Algo dentro de nós não gostou, sentiu-se mal e assumiu ''isto é mau''.

Associamos a ''coisas más'' e ''pessoas más''. Associamos a coisas que nos fazem sentir mal e que talvez precisem neste momento de ser compreendidas, aclaradas e vistas com novos olhos. Uma nova Luz.

Hoje, podemos querer olhar para aquelas situações do Passado em que assumimos que ''regras são más'',  e descobrir coisas novas que antes não nos era possível percecionar, compreender. E o seu conceito sobre ''regras'' poderá ter uma reviravolta.

Fazer este processo, poderá vir a alterar a sua experiência do Presente em relação a ''regras''. Poderá descobrir uma Outramaneiradeverascoisas e de as viver. Uma maneira onde não deixará de si respeitar a si, sem desrespeitar outros.

Esta será uma das maneiras de poder recuperar a sua capacidade de colocar ´´regras´´ e ''limites'' saudáveis à sua volta e a si mesmo, interrompendo a forma como outros abusam de si e você abusa de si. Interrompe este ciclo. Assim se liberta para a vida.

Quando entro num lugar, numa atividade ou num ambiente onde ''não gosto das regras'' ou ''não consigo conviver com aquela forma de funcionamento'', o mais certo é não voltar ali.

Saiba que tem sempre opção.

As ''regras'' e o conflito interno

Em crianças, não sabíamos mais. Como adultos, o problema é deixarmo-nos levar pelos pensamentos sobre ''regras'' e outras coisas que passam na nossa mente e não os pôr em causa. Não os examinar. Aceitar como verdades.

É deixarmo-nos levar por aquilo que outros dizem e não pensarmos por nós mesmos ou não nos sentirmos capazes de o fazer, com medo de contrariar alguém que nos é próximo.

É vermos os outros como uma autoridade e não reconhecermos a nossa própria autoridade interior (a Alma) para discernir o que é benéfico e distinguir do que parecer ser e não é.

Saiba que os pensamentos são coletivos. Não são seus. Não os cria. Eles atravessam a mente humana e, se forem investigados, examinados, vão embora. 

E o que fica, será uma Nova Compreensão sobre tudo. Sobre nós, sobre outros, sobre a vida. Sobre o mundo o que pode tornar a experiência de vida no dia-a-dia, mais simples e leve.

Que ''regras',' a sua mente possui para o funcionamento da vida que são contrárias à forma como a Vida funciona, como as pessoas funcionam ou deviam funcionar, sobre como você devia ser ou não-devia ser? Atenção: não estou a dizer que  tudo é ''bom'' 

A vida e o mundo incluem de tudo: possuem coisas boas e coisas que não são. Se algo não é benéfico para si, afaste-se, abandone, desista!

Que ''devias'', ''não devias'', ''tens que'' ou ''tenho que'', costuma repetir diariamente? São regras que a mente quer impôr ao funcionamento das coisas. Sim, os coletivos da sociedade programaram-nos desta maneira ao longo de séculos. Estamos a libertar-nos de séculos de condicionamento.

Sem nos apercebermos, viramos para nós e impomo-nos ''regras'' , exigimos coisas de nós que não conseguimos cumprir ou que nos destroem fisicamente, mentalmente, emocionalmente. 

Abrace (inclua) a sua humanidade para que possa encontrar paz interior e irá sentir-se melhor, para começar.

Regras e limites saudáveis

Exemplo:

Imagine que está num grupo de amigos. Está cansada(o) ou não está a gostar do rumo da conversa, será que consegue dizer ''está na minha hora'', ''vou-me embora'', sem mais explicações, mesmo quando lhe dizem ''estás a ser desmancha-prazeres'' e você, firme e segura(o) de si, não fica incomodada(o) , levanta-se  vai-se embora?

Como seria viver isto em paz consigo e com os seus amigos? Sem qualquer conflito interior?

É disto que falo. Regras e limites saudáveis.

Exemplo:

Imagine que, na hora de sair, a chefe chama-a(o) e diz-lhe ''tenho trabalho para si'' e você não consegue dizer ''estou na minha hora''. Eu posso fazer isso ao longo do dia. '' 

Eu vivi isto muito tempo, no trabalho. Ficava revoltada com a situação. E em vez de sair à hora, saía 1h30 a 2h depois. Repetia-se dia após dia, semana após semana, mês após mês. Sentia-me impotente e desanimada.

Um dia cheguei a casa, e o pai disse-me '' que raio de chefe é essa que te dá trabalho na hora de sair?'' Estas palavras deram-me coragem. No dia seguinte, repetiu-se a situação. Às 18h30, a chefe voltou a dizer-me ''tenho aqui trabalho para si''. Com medo e nervosa respondi ''Faço amanhã. Estou na minha hora''. Eu sabia que ninguém pode ser despedido por sair na sua hora e nem sequer pagavam horas extra. A era da escravatura e abuso já passou.


Com a continuação do tempo e eu a repetir a mesma reação, as coisas mudaram. Não mais me deram trabalho na hora de sair. E sim, na hora de expediente e eu tinha de fazer a gestão do meu tempo, obviamente. Não me podia dar ao luxo de ''estar na conversa'' com colegas a falar de coisas inúteis. Todo o tempo e energia, eu usava para poder fazer o trabalho que me era pedido. E muito bem. Comecei a sair à hora, como todos os outros colegas.

Há que ser capaz de distinguir uma emergência que precisa de ser resolvida na hora e se não for, prejudica o trabalho ou um cliente e tarefas que podem ser feitas noutro dia e não trazem prejuízos. Nas viagens, temos muitos imprevistos com voos atrasados, perdas de bagagens, etc, que requerem ação imediata da nossa parte. E muitas vezes trabalhei até mais tarde para resolver coisas destas aos meus clientes ou ajudar a chefe a resolver os seus contratempos. Nada a dizer aqui.

 Aprendi, ao longo dos anos que é o próprio trabalho que nos coloca as ''regras'', nos ensina o que é urgente e tem de ser feito na hora e o que não tem de ser feito na hora de saída. 

Muitas vezes é a necessidade de alguém querer ''agradar'' a outro alguém , a chefias , a clientes, que leva à criação de certas ''emergências'' que não existem, na realidade. Com o tempo, ganhamos experiência e essa experiência dá-nos força para fazer coisas que muitos não se atrevem, por medo. Quando trabalhava no turismo, eduquei os meus clientes. 

Repare no stress com que fica cada vez que a sua mente coloca regras no funcionamento de tudo? Sobretudo impõe regras a si mesma(o). Ou então segue ''regras'' que outros colocam (nas amizades e grupos de amigos, há regras muito perigosas!).

Regras, são pensamentos da mente que estão por aclarar, por examinar e compreender de uma forma profunda e alargada. Permite ver mais coisas, compreender mais coisas. Desta clareza e compreensão profundas que pode surgir uma paz interior e uma nova maneira de experienciar a si, a sua vida, o mundo. E uma ''nova maneira'' de experienciar ''as regras'' onde elas existirem.

Lembre-se:

Regras são apenas normas de funcionamento. As coisas são o que são. A menos que tenha poder para as alterar, não lhe diz respeito impôr regras às regras de que não gosta. 

Repare no desgaste que isso lhe traz, sem grandes benefícios ou ganhos para si.

Poderá sugerir alterações, se possível. Se não pode fazer nada, viva a situação da melhor maneira que puder, respeitando, falando sempre a partir da forma como se sente (não o que pensa. Aqui reside a diferença entre darem-lhe ''ouvidos'' ou ''não ligarem ao que diz''!).E falo por experiência própria. 

Boas reflexões e um abraço compassivo,___________________________________                                                

Ângela Antunes | Facilitadora de Processos Internos de Resgate da Sombra numa abordagem de Educação Emocional e Desenvolvimento Espiritual (a conexão ao Eu-profundo)| 

Facilitadora de Cura Reconectiva (Reconnective Healing) e A Reconexão Pessoal


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