sexta-feira, 25 de março de 2022

Tenho muito que fazer ...


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Estava a refletir e explorar esta crença TENHO MUITO QUE FAZER NO TRABALHO e lembrei-me de uma situação que vivi no emprego, quando ainda trabalhava em Agência de Viagens, em 2011 e resolvi partilhar aqui no blogue. Poderá ser útil a alguém.

Já me desgastei muito à conta desta crença que me afastava de mim cada vez que aparecia na minha mente e deu cabo do bem-estar da minha vida e saúde.

A minha profissão era muito stressante. Muitos detalhes, muitos prazos a cumprir. Muitos clientes para atender. Muito desgaste físico, mental e emocional.

Uma das situações que me trazia muito stress e angústia era a véspera de ir de férias ou os dias que antecediam.

Deixar o trabalho orientado para os colegas darem seguimento, facilitando o trabalho para todos (eu complicava-o para mim).

Uma semana antes já sentia a ansiedade, de tal maneira que muitas vezes cheguei a desejar não ir de férias só para não sentir todo aquele desgaste e mal-estar.

Lembro-me que no último ano em que trabalhei como Agente de Viagens (2011) - já estava a fazer este trabalho pessoal de resgate da sombra e educação emocional comigo - e estava precisamente para entrar de férias. Estava a preparar os processos para entregar aos colegas e tive uma realização : ''não quero isto para mim'', ''Não posso continuar a viver desta maneira'', ''Tenho de fazer algo''!

E parei para sentir esta realização e observar o que surgia dentro de mim.

E surgiu a decisão ''Arrumo tudo na gaveta e não faço nada''; ''O que for preciso, outros resolvem. Não sou insubstituível''.

Ainda assim, peguei no primeiro processo daquela ''pilha'' e perguntei-me :

''o que poderá acontecer se tratar deste assunto daqui a 15 dias (afinal as férias eram só 15 dias!)? Há aqui algum prazo a cumprir (de companhia aérea, hotel ou outro fornecedor) ? Será que prejudica o cliente? os colegas? a empresa? A resposta foi ''não''. ''Então não trato agora'' e coloquei-o dentro da gaveta.

Peguei no 2º processo do ''monte''. Fiz as mesmas perguntas. Tinha uma margem de tempo. Ok, vai para a gaveta.

Peguei no 3º processo e repeti. E foi para dentro da gaveta.

Realizei este processo com todos os assuntos pendentes que ali tinha, cerca de uns 8 ou 9.

E a secretária ficou limpa. Restaram o computador e uma caneta. E fiquei quieta a observar aquele cenário e a observar-me, dentro de mim, a sentir tudo aquilo.

Pensei: ''Ótimo. Não tenho nada para fazer. Agora é só esperar as 19h00 para fechar a loja e ir de férias''. 

Olhei para o relógio. Lembro-me que era meio-dia e o meu almoço era às 14h00. Pensei : ''bem, não vou ficar aqui a olhar para o ar!''

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Surgiu a ideia: ''Vou tratar só de um destes assuntos pendentes''. Tirei o primeiro. Fiz o que era para fazer. A seguir peguei no segundo da ''pilha'' de processos. Resolvi o que era para resolver. 

Pensei: ''Tenho tempo para mais um''. Tratei do terceiro.

Quando fui almoçar já tinha resolvido quatro assuntos.

Quando voltei, sentei-me e fiquei a olhar... e pensei ''a secretária está limpa, nada a fazer''. Ótimo. Uma tarde descansada. 

Voltou a surgir a a ideia ''ainda tenho tempo para resolver só mais um'', uma vez que novos processos que entravam eram de imediato encaminhados para quem me ia substituir nas férias.

Peguei no processo seguinte do monte que estava na gaveta e também o resolvi.

Com isto, a tarde decorreu tranquilamente, sem stress, sem angústia, sem desgaste. Senti-me até com mais energia. 

Chegou a hora de encerrar a loja e, pela primeira vez em mais de 20 anos, não precisei de fazer horas extras para resolver e orientar e passar o trabalho a colegas, saí à hora com uma paz inexplicável.

Foi uma experiência nova para mim, onde verifiquei esta mentira em que a mente estava a acreditar : 

''Tenho muito que fazer''. 

Todo o desgaste e angústia vêm de acreditar em crenças profundas, como esta, que nos foram ensinadas, muitas vezes de forma subtil, crenças que não são nossas, não fazem parte de quem somos, e em que, se acreditarmos nelas e não fizermos nada, vivemos num desgaste físico, mental, emocional, afastamo-nos do Ser que Somos e a vida torna-se um fardo e perdemos conexão com o seu sentido. 

Muitas vezes esta crença e outras estão connosco e nem damos conta  - quanto mais estamos conscientes de nós e mais nos observamos, mais facilmente começamos a dar conta da sua presença e é aqui que podemos agir em relação a elas (investigar a sua veracidade).

O que eu pus em prática, naquele momento, foi isto mesmo: questionar a veracidade deste pensamento: 

''Tenho muito que fazer'' 

e seus primos... 

''Se deixar coisas para fazer sou criticada pelas chefias e passo por incompetente'', 

''Se não conseguir resolver tudo, eu considero-me uma incapaz e sinto vergonha de mim''. E outras.

Foi um processo que aprendi a fazer comigo e que uso com os meus clientes.

Tudo isto aconteceu naquela manhã do dia em que ia entrar de férias.

À medida que se iam desmontando aquelas crenças e ia descobrindo uma outra e nova verdade, foi surgindo naturalmente uma abertura dentro de mim (um processo espontâneo) de onde emergiu a realização de que eu podia tomar uma atitude diferente em relação à situação onde, a integridade e o respeito por mim eram a coisa mais Sagrada.

Realizei que neste desgaste estou a faltar-me ao respeito, estou a abandonar-me.

E foi dali que surgiram as perguntas a cada processo de trabalho.

Foi uma lição de Vida que a Vida  me deu e eu dei a mim mesma, num processo espontâneo.

Foi a última vez que entrei de férias, nestes moldes, pois, uns meses depois,  a vida encarregou-se de mudar o rumo da minha vida, uma enorme benção. Deixei o turismo, onde eu já não estava disposta a viver tanto desgaste profissional. 

Estava cada vez mais consciente de mim, da necessidade de honrar quem sou, respeitar o meu ritmo e tempo, onde esta profissão ...não estava em sintonia.

Aplica-se a todas as áreas da vida onde há stress, desgaste, ansiedade, não apenas ao trabalho. 

Há alturas onde ainda aparece na minha vida pessoal. São muito poucas as vezes em que estou distraída, deixo-me levar pela crença e saio do meu equilíbrio.

Volto a questionar, investigar. Descubro a verdade que me liberta e o stress, mal-estar desaparecem e o pensamento deixa de aparecer (durante um tempo). 

Este pensamento que é uma crença profunda coletiva (Inconsciente Coletivo) dá lugar a novas perceções, nova atitude. Uma paz de Espírito incrível!

P.s. É aqui que conseguimos deixar coisas por fazer (onde não há implicações ou consequências maiores), sem nos sentirmos culpados, sem medo e com um sentimento de satisfação plena e respeito por nós que nos enche a Alma. 💙💚💛

Boas reflexões,

Ângela Antunes
Facilitadora do Trabalho d’A Sombra Humana | Educação Emocional com uma vertente Espiritual
Quando queres Ver e Viver a Vida de Outra Maneira...

À Distância | Odivelas (Quinta Nova) | Lisboa (Espiral)

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