Era uma vez … uma
tradição de muitos muitos anos que dizia que ‘’tínhamos’’ de oferecer presentes
nesta época, à qual alguém chamou de Natal. Trocamos presentes porque crescemos a ver fazer e nem questionamos tal costume.
E assim, também eu andei em piloto automático a seguir o que
a sociedade dizia que se ‘’devia fazer’’ e sem questionar . Em cada
Natal, era uma dor de cabeça … as listas de pessoas, as listas de presentes,
não querer repetir os presentes do ano anterior, e a preocupação de a pessoa
não gostar e lá ia o subsidio de Natal quase todo e no fim sentia um ‘’vazio’’. Sentia que me faltei ao respeito só não sabia como, de que maneira.
Às vezes comprava presentes que não me apetecia, para
oferecer a pessoas que nada me diziam (a tradição dizia : ‘’ se dás a uns tens
de dar a outros’’!). Escolhia presentes
de baixo valor para poder dizer que tinha oferecido algo e depois dizia à
pessoa ‘’ah, é só uma lembrança ’’. Sentia-me menos mal comigo.
Às vezes recebia
presentes de alguém inesperado e uma vez dei por mim a pensar ‘’oh, agora tenho
de comprar algo para retribuir!’’ E lá comprei um sabonete perfumado !Era tudo em nome da ‘’Boa-vontade’’ da Época.
Depois, ficava à espera que abrissem os presentes à minha frente
para me certificar de que gostaram. Interpretava a reação da pessoa, à minha maneira: ''se não faz uma exclamação grande, não gostou'', se abriu e pousou logo, ''não ligou nenhuma. Para a próxima não leva nada''. Deixava-me incomodar pelos pensamentos que tinha, umas vezes contra o outro, que não se comportou como eu esperava; outras vezes contra mim porque ''não era importante'' ou ''não tinha jeito para escolher presentes que as pessoas gostassem''.
Às vezes, apetecia-me fazer algo diferente, que há
muito queria, mas não me atrevia para não me chamarem ''ovelha ranhosa''. Quando acreditamos que precisamos que gostem
de nós, abdicamos de quem somos, da nossa autenticidade. Muitas vezes deixamo-nos manipular com receio
de perder a atenção das pessoas de quem gostamos.
Costumava desculpar-me (as piores mentiras são as que contamos a nós mesmos) ‘’Compro presentes
porque tenho prazer em oferecer’’. Se a pessoa não agradecia eu pensava ou
dizia ‘’Nem foi capaz de dizer alguma coisa!’’. Afinal onde estava a verdadeira
generosidade? Aquela que não precisa espera em troca? Podia até não comentar com
ninguém e ficar com os pensamentos cá para mim, o que vai dar no mesmo.
A
Sombra alimenta-se disto. Assim já tinha motivos para continuar a lamentar-me
que a vida não era como eu queria e o dinheiro não era suficiente! Continuava a
acreditar que era uma vitima das circunstâncias e que não podia fazer as coisas que mais gostava, porque havia sempre outros.
Não será o que a maioria de nós,
humanos, vive ?
Na verdade importava que pensassem bem de mim e o meu
comportamento girava em torno disso. Era a necessidade de ter aprovação, apreço
e atenção de outros.
Por acaso, só por acaso, soa-lhe
a familiar ?
Tinha pavor que descobrissem que era fria e distante,
indisponível, egoísta, insensível e
ingrata.
Descobertos os benefícios de possuir estas características, reconheço e estou cada vez mais em paz com a minha humanidade.
A propósito, o que tem mais medo que descubram àcerca de si ? E se estivesse
bem com todos esses seus aspetos? Não há como fugir deles. Eles terão vida própria dentro de si e surgem quando estamos distraídos e desatentos.
Estas crenças são aspetos que vivem no Inconsciente - na Sombra: à espera que tome consciência da sua existência, explore e investigue para que dêem lugar a uma nova visão, uma nova compreensão profunda, clareza e integração. Darão lugar a novas crenças onde vemos e vivemos tudo de modo diferente.
Depois entrou o Trabalho de Sombra e comecei a questionar, a
pôr em causa, a ir dentro e escutar…
No
Natal de 2010, surgiu a decisão de não oferecer Presentes. Comuniquei à família com quem me iria reunir, sugerindo
que em vez de ‘’presentes’’ fosse oferecida a ‘’Presença’’. Para minha
surpresa, a ideia foi bem acolhida, pelo que não voltou a haver troca de presentes,
apenas a presença das pessoas.
Quando nos trabalhamos, algo no interior começa a mudar … e os Presentes da Sombra começam a chegar . É nos incómodos que
temos que podemos encontrar as bênçãos da Sombra.
Para isso é necessário parar um momento e reparar no que estamos a sentir, o que estamos a pensar.
Recusar um convite. Não me sentir obrigada a retribuir presentes. Oferecer apenas quando tenho vontade de o fazer, fazê-lo por mim, pouco importa se gostaram ou não, eu gostei! Foi das coisas boas que me aconteceram com este trabalho da Sombra.
Neste Natal, acompanhe-me neste parar um momento, observar o que vive e reparar no que sente, sem julgamentos. Tomar nota nos pensamentos que aparecem. Abstenha-se
de entrar em conversas apenas porque receia ficar calado ou então receia dar uma opinião diferente.
Não temos de dar opinião. Poderemos dizer apenas ''a minha experiência não é essa'' e nada mais.
Calados,
escutamos mais, observamos mais. Abstenha-se de enviar mensagens pelo
telemóvel se não lhe apetecer, só porque receia que possam pensar mal de si.
Quando
disserem ou fizerem algo que o incomoda, mergulhe dentro de si e pergunte-se: ''onde será que já fiz algo parecido?''
Todos à nossa volta são um espelho nosso. O inverso também é verdade.
Cuidemos apenas da parte que podemos alterar: a nossa.
Os Presentes da Sombra nunca poderão ser igualados ou
substituídos por outros trocados nesta Quadra. Os Presentes da Sombra preenchem-nos na totalidade. O regresso a mim … um Ser Completo e Equilibrado!
Normalmente, nos encontros de família, a sombra de cada indivíduo e o da família, aparece. É mais um membro que se senta à mesa! Somos muitos à mesa!
Normalmente, nos encontros de família, a sombra de cada indivíduo e o da família, aparece. É mais um membro que se senta à mesa! Somos muitos à mesa!
O milagre da Presença Sagrada que vive em si manifesta-se ali mesmo cada vez que está consciente de si mesmo naquele ambiente e reconhece aspetos seus, quer goste ou não do que vê. Não há como fugir deste processo natural de projeções. Cada um projeta nos outros cada elemento que não reconhece em si, detesta em si, não consegue lidar em si.
O que há a fazer é reconhecer e descobrir os benefícios para que se integre em si possa ficar em paz com a sua humanidade.
Nota: Na minha experiência este trabalho pede acompanhamento.
A Presença Sagrada da nossa Essência auxilia-nos neste processo, tornando-o mais leve e amoroso para nós e, no processo, transforma aquele ambiente - ali mesmo.
Tenho tido esta experiência desde que trabalho a minha sombra, há vários anos e observo esta dinâmica a acontecer em cada Natal, em cada reunião entre membros da família, em qualquer altura do ano.
Ninguém vai mudar ninguém mas cada vez que resgata um pouco da sua sombra, passo a passo, as dinâmicas da família e de quem está à sua volta (até no trabalho e grupos de amigos) mudam, pelo menos na sua presença.
Desejo-lhe boas reflexões e boas celebrações Natalícias - a celebração simbólica do ''Re-nascimento'' - estes momentos de resgate de sombra em família, são momentos de re-nascimento interior e salto de consciência!
Nesta Quadra desejo-lhe todas as bênçãos que a sua Sombra guarda, pacientemente, à sua espera! à espera que se torne consciente de si e do que acontece à sua volta!
Muitas Bençãos.
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Sessões Individuais de Trabalho de Sombra Lisboa (Espiral) e Odivelas Norte (Quinta Nova)
Ângela Antunes, Facilitadora do Trabalho de Sombra
Educação Emocional assente em Espiritualidade
Facilitadora de Cura Reconectiva (por Dr Eric Pearl) e A Reconexão Pessoal
Email: abracarasombra@gmail.com
Instagram: Outra Maneira de Ver as Coisas
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