domingo, 26 de março de 2023

Carcinoma na Mama e Eu : Parte 3 | Quimioterapia, Queda de Cabelo, Vivências e Reflexões

Depois da reação alérgica à Quimioterapia, no início de Junho, alteraram-me o tratamento.

E nesse espaço de tempo, até ao início do novo tratamento, virei-me para dentro de mim. 

Fiquei comigo, como numa meditação. 

Sabia que a Vida/Fonte queria dizer-me algo. Dediquei-me à contemplação interior vários dias. ''O que me quer isto dizer?'', ''O que preciso de saber ou fazer?''. E ficava quieta à espera. Sem pressa.

Sentia um medo, um nervosismo. Fiquei com a emoção, este mensageiro que me queria dizer alguma coisa.

Para mim, muitas das mensagens da nossa Alma (a Fonte Superior que dá vida a este corpo) são-nos comunicadas através do corpo, através de sensações, emoções. Escutei.

Por um lado, não queria fazer quimioterapia, por outro, uma parte de mim dizia-me que seria prudente, sensato e sábio fazê-lo.

Fui mais dentro de mim. Dias e dias. Fui colocando perguntas. Comecei a receber respostas. Comecei a ter uma clareza na mente. Recebi revelações da minha Alma, para mim mesma. 

Explorei os malefícios e benefícios de não fazer e fazer Quimioterapia. Explorei os melhores e piores cenários de fazer e não fazer este tratamento. Fui a fundo no medo. Fiquei em paz.

As respostas que começaram a chegar, não vinham da mente lógica. São muito diferentes umas das outras. 

Como sei? 

Levo muitos anos de exploração interior e posso ensinar-lhe a si, em sessões, como consegue discernir a voz da mente da voz da Alma. É muito simples.

Sem dar conta (a não ser após a primeira sessão da segunda sequência), fui ficando bem com a ideia de passar por este processo. Comecei a querer fazer, a desejar mesmo fazer. E a paz de Espírito estava comigo. Assim, soube que o caminho era mesmo este.

REINÍCIO DOS TRATAMENTOS

Quando chegou o dia de iniciar a nova sequência de Quimioterapia, estava eu na sala de espera, pronta para a primeira nova sessão, dei conta de que me sentia diferente. 


Lá fui. Começa o tratamento. Aquilo não custa nada. Não doi nada. Não senti nada. Apenas a picadinha da agulha no início.

Tinha levado uns textos para ler de forma a não estar ''à espera'' que chegassem os 5mns de tratamento para ver se havia reação ou não. 

Outras pessoas que ali estavam a receber tratamento (12 naquela sala) tinham presenciado algumas vezes a reação que tive anteriormente.

Quem estava mais próximo desejou-me ''que tudo corresse bem desta vez''. A vizinha da cadeira do lado, começou a falar comigo sobre variadas coisas, sobretudo a cirurgia que ia fazer e que eu já tinha feito. Falámos das coisas boas que havia ali naquele hospital, dos médicos, enfermeiros e outros profissionais que ali trabalham , muito experientes e que fazem aquilo todos os dias e são mesmo bons no que fazem. Dá-nos confiança e uma sensação de paz.

E a certa altura o enfermeiro diz-me: ''Pronto. Pode ir para casa!''. E eu: ''Como?''. ''Estou a fazer reação outra vez?''. Olhei para mim, não estava a sentir nada.

''Já acabou!'' 

''Acabou, como?''

''Então, já passou o tempo! Você estava na conversa e nem deu conta'' - e riu-se bastante.

Tinham passado 45mns. Foi tão grande a minha satisfação, o meu encantamento que não tenho palavras para descrever. As pessoas à minha volta estavam satisfeitas por mim também, disseram-me.

É assim, este ambiente no IPO onde todos desejam muitas bençãos a todos e ficam satisfeitos quando algo corre bem a outros.

Foi ali, à saída que tive uma grande revelação e senti uma grande comunhão com a Vida! Fez-se luz! A resistência tinha desaparecido. Conseguia ver as bençãos de estar a passar por este processo. Disponivel para a aprendizagem, para não resistir à Vida.

Fui informada dos variados possíveis sintomas que poderia ter (ou não), o que fazer, o que tomar, como resolver. Eventualmente, em caso de emergência, telefonar para as urgências do IPO e seria orientada.

OS PRIMEIROS DIAS ...

Tive uma noite muito intensa e algo difícil. As dores de cabeça eram muito fortes. Nunca havia sentido nada assim. Senti medo. O corpo tremia. Tinha tonturas. Não me atrevi a levantar-me da cama.

Como estava bem informada, deixei tudo preparado ao lado da cama ... garrafas de água, um balde, medicação, comida sêca, telefones das urgências do IPO. Nada a temer. Eu sabia o que fazer, eventualmente, ligava ao IPO ou chamava o 112.

Envolvi-me no Campo de Frequências da Cura Reconectiva. Passei a noite numa vigília como aprendi na Escola de Meditação do Ishi, onde andei uns 4 ou 5 anos. A mente passou uma noite fresca apesar de tudo...

Não dormi porque não consegui. Fui dormitando. E o Campo Elevado de Frequências comigo! Era forte a Presença que estava comigo. Sabia que havia uma Presença Maior comigo. Todos estamos acompanhados. Podemos não estar conscientes dessa Presença Sagrada Maior ou o medo nos impedir de conectarmos interiormente... chamem o que quiserem... Deus, Anjos, Eu Superior, Alma, sei lá, a Vida, a Fonte... eu sentia que estava acompanhada!

Sobre a manhã, os efeitos começaram a ficar leves e, ao fim da manhã, consegui levantar-me ainda um pouco tonta. Começou tudo a desaparecer. A minha recuperação foi espantosa.

Nos dias anteriores, havia cozinhado e congelado várias refeições. Para mim, uma alimentação leve para ajudar o corpo. Isto também facilitou o processo a quem me auxiliava: o meu filho e sobretudo a mim mesma.

Passei aquele dia seguinte de cama. Com papel e caneta ao lado. Tive tempo para estar em ''Stillness'' como se houve falar por aí. a Sagrada e misteriosa quietude interna e externa e muita informação e revelações começaram a chegar-me. Tinha de registar. 

A segunda noite já foi bastante boa. Muito mais leve. 

A Cura Reconectiva sempre presente. Na verdade não era uma sessão que eu fazia. Era uma imersão no Campo de Ondas Gama (segundo afirmam cientistas da Física Quântica que realizam experiências com a Cura Reconectiva há 30 anos).  Sem dúvida, o meu processo de recuperação acelerou. A minha recuperação foi espantosa.

Clientes meus a passar por processos Oncológicos já me haviam relatado recuperações espantosas após sessões de Cura Reconectiva (Reconnective Healing). Disseram-me que não tiveram metade dos efeitos que era habitual terem. Pude experinciá-lo na primeira pessoa.  Alguns destes relatos descrevi-os no meu outro blogue (A Reconexão Angela Antunes) e outros estão ainda por registar. Ainda me encontro em processo de tratamento e recuperação pelo que pretendo continuar a fazer experiências comigo e com este Campo de Frequências de Planos Elevados. 

Tive mais uns dois ou três dias com algumas dificuldades digestivas e algumas tonturas. Não conseguia sair de casa. Passava o tempo entre a cama e o sofá da sala. A refletir, a explorar a minha mente e a escrever, escrever, escrever. Presente para mim. Presente para esta experiência nova para mim.

Ao fim de 7/8 dias estava completamente recuperada. Cheia de energia. Era como não se tivesse passado nada!

A maioria das pessoas passa tempos muito difíceis e pouco recuperam dos efeitos secundários até à sessão seguinte. Têm infeções. Eu não tive nada. Sentem-se sem força, muito cansadas. Eu não senti nada disto. 

Também conheci excepções -  Pessoas a quem a Quimioterapia não produzia qualquer efeito secundário. Há de tudo.

Nos 15 dias seguintes fiz a minha vida normal, excepto apanhar sol que não podia. Julho e Agosto. Completamente vestida, mangas compridas e chapéu na cabeça fui cavar um bocado na horta. Sentia-me ''como nova''.

A QUEDA DE CABELO

Foi a meio de Julho de 2022, uns dias antes da segunda sessão que comecei a sentir uma sensação estranha na cabeça. Muita comichão. Ao pentear-me, a escova trazia um monte de cabelo agarrado. Pensei... 'começou''. Eu estava à espera. Tinha sido informada pela equipa médica e de enfermagem.

Todos me falavam em ''queda de cabelo'' e eu imaginava que se soltava e caía no chão. Nada disso. 

Soltou-se da cabeça aos poucos. Não todo de uma vez. De uma forma suave, o que me permitiu ir aceitando e integrando o processo.

Apesar de esperar, senti-me angustiada. 

Já tinha olhado para o espelho várias vezes e imaginado a minha cara sem cabelo. Imaginação raramente coincide com a Realidade.

Abracei a emoção. Fiquei comigo. Fui-me abrindo gradualmente a uma realidade no decorrer de um processo de exploração interior que fiz comigo. 

Fui-me tornando consciente do que me atormentava neste processo. O que temia. Que significados estava a atribuir a esta nova fase da minha vida. O que pensava de mim. Que parte da minha personalidade estaria ameaçada, qual a auto-imagem que eu estava com medo que caísse.

Recebi uma revelação profunda num dos processos de conexão interior : ''o aspeto exterior é irrelevante comparado com o que se passa no interior''! ''Estás a fazer este tratamento por um bem maior. Para o teu bem.''  Recebi variadas informações que explorei durante vários dias e me trouxeram-me de volta à Paz de Espírito. Não de imediato. Apenas uns dias depois com a continuação do trabalho interior.

A cada dia soltava-se mais cabelo. No 5º dia surgiu a decisão. Já tinha combinado com o meu filho que ele me cortaria o cabelo com a máquina logo que me sentisse pronta. Chegou o momento.

Ele ia exclamando: ''que linda cabeça'', ''que linda cabeça''. Isto irritava-me!

E quando terminou, disse ''Não fica assim tão mal. Até gosto''. 

Eu sentia-me um pouco deprimida.

Tapei a cabeça com uma toalha. Não consegui olhar. E logo a seguir, pus um lenço e um chapéu. Agora sim, posso olhar-me ao espelho. Havia desconforto em mim.

Saí de casa. Fui dar uma volta de carro. Assim, não teria de enfrentar olhares de outras pessoas. Sim, porque nós imaginamos que os outros pensam o que nós estamos a pensar que eles pensam. A vida provou-me que isso é falso.

Não consegui olhar-me ao espelho durante uma semana. Ao fim desse tempo, comecei a espreitar, aos bocadinhos. Continuava desconfortável. Demorei uns 15 dias a conseguir estar diante do espelho sem cabelo. Ainda havia desconforto. Ao mesmo tempo, ia fazendo exploração interior e tomada de consciência de mim.

Com o passar do tempo, comecei a conseguir olhar-me no espelho e o desconforto desapareceu. Começou-se a integrar em mim aquela nova imagem que via no espelho. Nada tem a ver comigo. Quem eu sou não tem nada a ver com o aspeto.

Até chegar aqui, foram muitas as emoções, as lágrimas, isto tudo porque somos ensinados em crianças, geração após geração a identificarmo-nos com o corpo, a auto-imagem e numa situação destas ficarmos nus diante de nós. 

Pode ser uma experiência que mete medo mas... não se passa nada. O planeta não está a cair, o sol continua a nascer e a pôr-se, eu e tu continuamos a respirar e a viver, os pássaros cantam e voam e eu adoro escutá-los, os cães ladram, as crianças brincam... então não se passa nada! Só pensamentos na mente! E pensamentos investigam-se, questionam-se e ... poderão deixar-nos em paz. Livres.

Tenciono dedicar um texto a este tempo que passei a olhar para o espelho e a descobrir-me e resolvi dar um nome a esse próximo texto: ''Quem é esta sem cabelo?''

Era a única coisa que me ocorria diante do espelho: ''quem és tu sem cabelo?''. Todos os dias perguntava-me isto. Passaram-se semanas e não tive qualquer pensamento a não ser ''Não Sei!'' . E fiquei curiosa. Se ''não sabes, podes descobrir coisas novas e está tudo em aberto''. Senti-me entusiasmada com esta ideia.

AS SESSÕES SEGUINTES

Quando fui para a segunda sessão, estava satisfeita, sentia-me bem na minha pele.

Levava um lenço na cabeça e, curiosamente, estranhamente senti-me integrada ao pé daquelas mulheres com lenços e chapéus coloridos a combinar com as roupas, sapatos e malas. Tão bem arranjadas, pensava eu. Senti vontade de fazer o mesmo. 

Homens carecas, já não são algo de estranho. Mulheres carecas, deixam-nos a olhar e a pensar...

Passei por algumas senhoras que conhecera antes e que só me reconheceram pela voz. Ficávamos tão diferentes de lenço. Havia ainda aquelas mulheres que eram mais ousadas e mostravam a careca. Eu não consegui. E ainda não me sinto capaz, tal é a identificação, as crenças que ainda não se desfizeram àcerca do corpo. 

Senti-me integrada. Um sentimento de pertencer a um grupo, uma necessidade que todos os seres humanos (ou a maioria) possuem. 

Há muitos anos que não me dedicava a enfeitar-me com colares a combinar com a cor do lenço, da roupa e até do calçado e mala. Diverti-me imenso com isto. Nunca imaginei. Houve até senhoras que disseram que eu tinha uns lenços muito bonitos. Pois tinha. Tinha-os de todas as cores para combinar com a roupa. 😂😂😂😂😂

As sessões decorreram lindamente. Na sala de espera, entretinha-me a ver como as senhoras mais velhas e as raparigas mais novas eram criativas no modo de prender o lenço. E lá fui imitando.

Em dia de Tratamento, era um dia inteiro que passava no IPO. Chegava de manhã e só saía ao fim do dia. Exames, consulta, tratamento etc. 






Para mim era um dia diferente na minha rotina. Era como se fosse para uma atividade de que gosto muito. Uma delícia! Sentia-me mesmo satisfeita!

Levava lancheira e como era Verão, lanchava a meio da manhã numa parte do Pinhal, almoçava noutra parte do Pinhal e lanchava noutra ainda. Às vezes andavam à minha procura para o tratamento e eu... estava no Pinhal a contemplar a natureza. Deliciada.

Das coisas que mais gosto é a área de Campo que o IPO de Lisboa possui com uma variedade incrível de espécies de árvores. Era um dia de pic-nic que me encantava. A vida a jogar a meu favor.

A recuperação das sessões seguintes decorreu de maneira muito semelhante, parecendo um padrão. 

Nos primeiros dias passava mais algum tempo de cama e depois era o aparelho digestivo e 8 dias depois estava como nova e voltava às minhas tarefas habituais, sempre a mergulhar no Campo da Cura Reconectiva que me ajudava incrivelmente na recuperação celular e nos meus processos de conexão com a Alma e exploração interior e recepção de respostas, aquelas respostas tipo ''ah ah é isto!'' e que fazem toda a diferença na forma como nos sentimos, como vivemos e experienciamos a nós e às circunstância. A comunhão plena com a Vida!

Cada sessão que fazia era muito mais fácil do que a anterior.

E assim cheguei ao fim das sessões nos últimos dias de Agosto. 

Desde Setembro até agora, continuo a ir ao IPO a cada 3 semanas fazer injeções de um certo tipo de reforço que pretende ajudar o corpo a anular alguma daquelas células invasivas, caso tenha alguma ''escapado'' à cirurgia e Quimioterapia. 

Apesar de ter alguns pequenos efeitos, não se compara com a quimio. Faço a minha vida quase como antes.

Até
ao próximo texto, onde começarei a entrar nas aprendizagens que a vida tinha e tem para mim.

Um abraço,

Muitas bençãos no seu caminho,

Ângela Antunes

Facilitadora de Processos de Resgate da Sombra Humana com Educação Emocional e Desenvolvimento Espiritual | Facilitadora de Cura Reconectiva (Reconnective Healing) e A Reconexão Pessoal

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