quinta-feira, 25 de maio de 2023

Quando realizas tarefas para a familia ou amigos e recebes dinheiro por isso

Receber dinheiro por um trabalho que fazemos a um familiar, amigo, vizinho é tão válido como fazê-lo a outra pessoa com quem não temos laços afetivos.

Não faz de nós interesseiros nem deixamos de ser pessoas bondosas e generosas por isso.

Tive esta experiência em 2016 e nem sei porquê não partilhei aqui no blogue. Tenho falado com as pessoas à minha volta ou em sessões que realizo com outros, falando-lhes do que aprendi, pessoas a passar por circunstâncias assim do género, conhecidos e desconhecidos até (às vezes em conversas de supermercado).

A certa altura vi-me sem rendimentos fixos e não estava a conseguir ganhar o suficiente para as despesas da casa, alimentação e outras  (ir ao veterinário com o cão e outras, coisas básicas) com a minha atividade de terapeuta holística, e os filhos ainda a estudar e o marido desempregado.

Fui dentro de mim, questionei o que pensava sobre ''pedir ajuda, o que faz isso de mim'', o que acredito sobre o que os outros vão pensar se lhes pedir ajuda e muitas coisas que foram surgindo. Andei dias e dias com algumas perguntas das mais poderosas que conheço e uso no dia-a-dia:

        ''Face às circunstâncias, o que posso fazer agora? O que posso fazer agora por mim?'' 


E fui dentro de mim, ao encontro da Presença Sagrada (Alma) e fiquei à escuta. E esperei dias por uma orientação. A mente foi-se aquietando e o processo de estar com as perguntas, sem resposta, apenas atenta e à escuta (são aptidões que se podem desenvolver), soluções foram surgindo, coisas em que nunca tinha pensado antes e não eram aceitáveis. Agora sim, eram.

Uma delas passava por pedir ajuda ao pai.

Foi difícil de início e muito angustiante ter de pedir ajuda. Com o tempo e o trabalho de exploração interior, tornou-se em algo prático, útil e necessário e nenhum desconforto.

A capacidade de pedir o que se precisa (seja dinheiro ou outras coisas), caros leitores, desenvolve-se quando questionamos o que nos impede de o fazer de forma natural e espontânea, quando há uma necessidade real, onde se justifica. 

Pedir o que se precisa para nos ajudarmos é a caracteristica da Vítima a tranformar-se no seu lado saudável e útil. Quando pedimos aquilo de que precisamos, seja para nos ajudarem a carregar com sacos, seja para nos abrirem a porta do elevador, seja para nos guardarem o lugar na fila até coisas mais complexas, deixamos de ser vítimas. Contemplem estas frases durante as próximas semanas, olhando para a vossa vida. Em que circuntâncias precisam de pedir ajuda? a quem? De que modo se ficam pela vitimização e pena de si próprio em vez de reconhecer a necessidade de pedir ajuda e avançar? Quando não o conseguem, lembrem-se - haverá coisas por detrás a impedir que precisam de ser vistas e aclaradas à Luz da Consciência.

Pedi ajuda ao pai que me ajudou prontamente. E muitas vezes ainda antes de eu pedir, ele perguntava-me: ''precisas de alguma coisa?'' e eu ''sim, pai. Preciso e agradeço muito''. 

A Vida/Fonte ajudou-me através do pai. Eu ajudei-me através do pai, ao falar com ele!

E se ele não pudesse ajudar, iria continuar a pedir a outros à minha volta!

Assim, nos ajudamos! A pedir o que precisamos!

Sim, tinha algum trabalho interior feito e ferramentas para o fazer e para me ajudar e é com estas ferramentas e a minha experiência que facilito os processos dos meus clientes.

Nesse ano, graças ao facto de a vida me ''tirar o tapete debaixo dos pés'', a segurança ou o que eu pensava ser segurança e estar garantido, vi a minha consciência dar um salto. Vi-me mudar de vida, mudar a abordagem de viver. Vi-me a desenvolver atividades impensáveis que ainda hoje mantenho:

Para além de ser facilitadora de processos internos (Trabalho da Sombra Humana, Cura Reconectiva e Reconexão pessoal), dedico-me a vendas em feiras de artigos em 2ª mão (vizinhos, amigos, família começaram a trazer-me coisas para eu vender. Formas de me ajudar). E comecei a gostar. 

Nunca poderemos saber antecipadamente se gostamos de atividades e opções que a vida nos pode trazer, sem primeiro as experienciar.

Outra das atividades que me surgiu como orientação Superior foi realizar tarefas que família, vizinhos, amigos precisavam e pagarem-me por isso.

Não faz de mim interesseira nem deixo de ser bondosa ou generosa. 

Alguém tem uma necessidade e eu também tenho. Alguém precisa de um serviço e eu preciso de ganhar dinheiro. E por que não pagar-me a mim?

Foi uma das grandes lições que a vida me deu. Uma grande benção.

Coincidiu (ou não. Não acredito em coincidências e sim sincronicidades) com a fase em que os meus pai começaram a adoecer regularmente, com internamentos pelo meio. Eles precisavam de alguém para os assistir a tempo inteiro e em vez de contratarem alguém, eu estando disponível, avancei e passei a desempenhar aquela função e recebia pagamento.

Quando necessidades reais se encontram e participamos juntos nelas, todos ganhamos. 

Se não houver crenças pelo caminho a atrapalhar '' não posso cobrar dinheiro para ajudar os pais'', ''não posso aceitar dinheiro da filha ou do filho''. ''Porque isto faz de mim_________________________'' (responda a esta pergunta para si).

Explorar este tipo de pensamentos para descobrir a verdade que se oculta neles, para encontrar a clareza e Sabedoria que guardam, conduz-nos a relações saudáveis de interajuda real e uma relação de amizade connosco em simultâneo e paz de Espírito com menos drama na vida quotidiana.

Nem sempre será necessário receber dinheiro de familiares ou amigos cada vez que os ajudamos em algo. Haverá situações onde ajudamos porque a nossa Natureza inata é Bondosa. Há que ser capaz de discernir as situações. A própria Vida (Fonte, a Alma, a Presença Sagrada em nós, etc)  ensina-nos e diz-nos o que fazer, como fazer, onde ir, onde não ir e mais coisas.

É só estar atento e praticar a observação neutra (onde não se colocam rótulos ou tiram conclusões precipitadas).

Depois destas experiências, chegaram outras. Pedidos de amigos e vizinhos para desempenhar certas atividades (como regar a sua horta e jardim) e, em vez de pagarem a outra pessoa, pagaram-me a mim. 

Necessidades reais encontraram-se e foram preenchidas assim.

Necessidades reais não são o mesmo de fantasias da mente que parecem necessidades reais. 


A aptidão para as distinguir com clareza vai-se desenvolvendo à medida que fazemos trabalho interno de exploração.

Nestas situações que experienciei, eu podia esforçar-me por ser ''boa pessoa'', fazer o ''meu papel'' e ajudar sem cobrar. E estaria a prejudicar-me. Estaria a ser ''má pessoa '' para mim. E o medo de ''não ter dinheiro para pagar as contas'' iria estar presente na ajuda que estava a dar. E não conseguiria fazê-lo em paz, com entrega porque a minha mente não teria paz.

E assim encontrei a paz de Espírito e foi benéfico para todos.

De início a minha maneira de ver e pensar e viver criou desconforto e agitação à minha volta. 

Houve resistência nas pessoas à minha volta porque as suas crenças vieram para fora ... crenças e preconceitos de familia, da cultura e da sociedade que dizem ''não posso ajudar outros, sobretudo familia e receber dinheiro em troca'' (soa a ''pecado''). 

Com o passar do tempo, começaram a realizar que afinal não havia nada de errado. Havia algo de ''muito certo e necessário''.

Observo que, hoje os meus familiares mais próximos já deram um salto de consciência. 

Sinto-me muito satisfeita por eles. Já conseguem pensar, ver e fazer as coisas de modo diferente.

Já têm maior abertura e fazem coisas assim como esta que muita gente ainda condena.

O que é a vida se não momentos vários de oportunidades de experienciar o DAR e RECEBER? 

Todos têm a oportunidade de DAR e RECEBER em simultâneo.

Se eu não me permitisse viver estas experiências e não questionasse a minha forma antiga de pensar, viver, ver, fazer e se não me permitisse pedir ajuda, ou não me permitisse receber ajuda monetária, estaria a impedir outros de viverem e demonstrarem a sua Bondade inata (uma faculdade do Espírito Sagrado em nós).

Todos damos e todos recebemos.

E DAR e RECEBER não tem apenas a ver com dinheiro. Há muitas forma. Eu já dei alimentos e recebei alimentos (naquela altura, em 2016).

Claro que não foi só isto.

Com a diminuição de recursos financeiros revirei toda a minha vida

Cortei despesas inúteis (como conseguir distinguir umas das outras? É simples!), cancelei despesas em prestações (se o dinheiro não está disponível,  de momento é porque preciso de ter a experiência de não ter. Perfeito). Renegociei contratos, desde a casa, à água e luz. Nada de canais extra. Não fazem falta.

Transformei a forma de viver, o que consumo (agora só orgânico) e como consumo.

A minha vida ficou básica e tão grandiosa. Que ainda vivo assim.

As coisas simples da vida não custam dinheiro. Será que conseguimos dar conta da abundância presente em cada momento e sobretudo quando temos menos disponível para o que queremos?

Como sou abençoada por ter passado por estes desafios e ter dado à vida uma resposta diferente. 

O stress, medo, angústia, ansiedade e pensamentos negros que tive no inicio da experiência, deram lugar, com o meu trabalho de explorar pensamentos, às soluções, à paz e um sentimento de gratidão por tudo! Por mim também!

Achamos que não temos capacidade para lidar com a adversidade. mas temos . Todos temos. Sempre.

Muitas aptidões e capacidades só meçam a aparecer quando são mesmo necessárias. E vão-se apurando, desenvolvendo à medida que vivemos um momento de cada vez, uma decisão de cada vez, aprendemos a escutar internamente e a ser capaz de esperar (pausa).

Às vezes só é necessário alguém que nos coloque as perguntas apropriadas e nos deixe a pensar porque todas as respostas e soluções para o que precisamos em cada momento, vêm de dentro de nós. Uma Consciência sábia e profunda que vive em nós mas não fomos ensinados a escutá-la e a distingui-la da voz da mente. Lembre-se: ''Os nossos antepassados não sabiam melhor''.

Em tempo de grandes desafios, a vida pede-nos para sermos práticos e objetivos

A Vida/Fonte /Alma pede-nos para procurarmos novas formas de olhar as coisas, compreender as
coisas, fazer as coisas, relacionar com os outros e connosco. Pede-nos cooperação e disponibilidade para vivenciar a experiência e dar uma resposta diferente do habitual.

Assim ganhamos capacidade e maturidade e a vida torna-se mais leve e tudo mais simples.

Foi assim que vivi a experiência que durou ainda um bom tempo.

Quando nos colocamos perguntas como:

«O que posso fazer agora face às circunstâncias?»

«O que posso aprender com isto?»

Estamos a permitir que se crie abertura em nós para irmos mais fundo dentro de nós, ao encontro da Consciência profunda e Sábia que vive em cada um de nós e nos pode trazer orientação e conseguirmos ver soluções práticas e reais. 

Não o que quero ou gosto mas o que é mesmo necessário. Foi o que vivi.

Entreguei-me a cada momento que vivi desde 2016, a cooperar com as circunstâncias e pessoas que nelas participam comigo, consciente dos meus limites, os limites da minha Natureza Inata para que essa não fosse violada.

Cooperar com a Vida e com outros, estando cientes de nós (o que sentimos, pensamos), com atenção a nós mesmos, à nossa Essência para não nos afastarmos delas, para não abusarmos de nós.

Na minha experiência disse ''não'' muitas vezes. Se não estamos cientes de nós e conhecemos e estamos bem com a nossa natureza interna (inclui aspetos opostos), vamos trai-nos, vamos ser infieis a nós mesmos. 

A Vida/Fonte/Alma não quer isto!

Na minha perceção, cada experiência difícil tem o propósito de nos levar precisamente ao encontro de nós, da Alma, do Espírito que vive em nós.

Esta é a Jornada da Alma que menciono muitas vezes nos meus textos e que facilito e ajudo cada pessoa que me procura a fazê-la dentro de si e a levá-la para a Vida no Quotidiano. A sua aplicação prática à Vida Real.

Desejo-lhe muitas bençãos na sua Jornada,

_________________________________________________________________________

Ângela Antunes | Facilitadora de Processos Internos | Email: abracaraminhasombra.pt | Instagram: Outra Maneira de Ver as Coisas

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