É fácil sentirmo-nos entusiasmados quando tudo corre como se fosse um sonho.
Quando algo que queria muito, acontece e ultrapassa o que eu imaginava. Quando
tenho incentivos exteriores.
E será que quando tudo muda, eu continuo a
sentir-me entusiasmad@ por ser quem sou? no momento que vivo? com as
circunstâncias tal como se apresentam?Quando os incentivos exteriores não vêm
de momento, da mesma maneira que vinham antes? Talvez existam outros que não estamos a conseguir reparar.
Tenho observado que a vida muda continuamente. Agora tenho
coisas que ansiava há muito e a seguir, outra fase em que tudo mudou e vêm
coisas novas. Observo que nada vem para ficar. Nem o que é bom nem o que parece
mau. E talvez não seja mau.
Se fico agarrad@ ao que eu tinha antes e insisto em não
querer o que tenho agora, porque me sinto realizad@, porque finalmente faço o
que gosto ou as pessoas apreciam o que faço ou... ganho o que quero ou...tenho por
perto pessoas de quem gosto ou ... ou... ou... quem sofre sou eu.
Quando tudo corre ‘’bem’’ e eu estou na tal ‘’felicidade’’
(motivada por holofotes exteriores), reparei que surge uma falsa ideia de que ‘’fui
que que fiz’’, ‘’fui eu que consegui’’ e mais o ego se sente no controle da vida.
Quanto mais o ego ganha força, mais
força dá ao que está na sombra. Ambos são vida. E depois a sombra aparece e
dá-nos a oportunidade de voltar a atenção do exterior para o interior de nós, entranhando-se na nossa vida do dia-a-dia.
Afinal, o que comanda é aquela ‘’coisa’’ que ninguém sabe ao certo o
que é e que dá vida aos pulmões, ao coração, à circulação sanguínea, ao nascer
e morrer de células e que ninguém precisa de saber como funciona para funcionar;
à árvore, ao sol, à chuva, ao vento,…
O fluir com a vida, ao contrário do que me ensinaram, em
teorias que na prática, a maioria não consegue aplicar ao seu dia-a-dia sem
entrar em negação, é a minha experiência, é o que observo, é
permitir-me viver as coisas que acontecem, umas como quero com respetivas emoções que a sociedade rotula de agradáveis e também permitir-me viver as outras com as suas emoções que a maioria não gosta de sentir.
A vida equilibra-se na existência de umas coisas e outras.
Se cá dentro se decide que umas são boas e outras más, eu sofro.
Quando páro. Fico quit@. Observo. Fico presente para o
momento que tenho, experiencio o que está a acontecer, rendo-me à experiência,
dou conta que a vida vem apoiar-me ou de que já está a apoiar-me. E eu não
tinha dado conta. Talvez não da maneira que eu imaginava. Consigo ver, sentir
esse apoio.
Nesse estado de rendição ao momento, não encontro o mau, o feio, o incorreto. Não vejo drama. Vejo a utilidade. Aqui tenho poder de ação.
Muita gente pensa que render-se ao momento é passividade. A rendição ao momento, é amor. E observo que traz ação movida pelo amor. Quando está presente o amor, o medo ausenta-se.
Vejo que me aproximo mais de mim, da essência da minha Alma. E a sombra pode ensinar-me àcerca dessa aproximação com a minha Alma e a sintonia com a vida.
Porque hei-de eu querer ficar bem com as circunstâncias,
quando a vida me traz coisas diferentes do que gostava e não lido bem com isso?
Eu, pessoalmente, porque encontro paz
interior no que parece ''mau''. Permite-me tornar-me mais consciente de mim, mais presente, para quem sou e
permite-me encontrar o encanto cá dentro, o entusiasmo por apenas SER e posso desfrutar as experiências. Quem sou está cá a viver-se.
Sinto-me melhor com os outros e a vida parece mais bonita. Não
encontro esforço. Tudo flui.
E a minha amiga sombra, neste momento está a dizer-me: ''volta para ti''. Tudo o resto são acessórios.
E a minha amiga sombra, neste momento está a dizer-me: ''volta para ti''. Tudo o resto são acessórios.
Uma reflexão minha que decidi partilhar convosco.
Ângela Antunes
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