Quando queremos resolver os assuntos
dos filhos, do companheiro, da mãe ou de outra pessoa, para poupá-los a
determinadas experiências e evitar que sintam determinadas emoções que
acreditamos serem más, estamos a
transmitir-lhes que são uns incapazes,
que não conseguem encontrar as suas próprias soluções.
Estamos a impedi-los de experienciar a vida por
si, de
amadurecer, de se encontrarem com
quem são de verdade. De conhecerem as suas próprias capacidades e limites
humanos.
Haverá exceções. Por exemplo, se
existe um pedófilo na área da escola, não irei dizer aos meus filhos para irem passear com ele; se a mãe cai na rua com frequência, talvez possa ver com ela uma solução para que ande mais vezes
acompanhada, sem a impedir de sair, se isso lhe dá prazer; ou encontrar outras alternativas.
Não tenho de decidir nada por ninguém. Posso ouvir a opinião a opinião que têm e nada mais.
Não tenho de decidir nada por ninguém. Posso ouvir a opinião a opinião que têm e nada mais.
Quando pergunto que querem ajuda
e dizem-me ‘’não’’, posso ficar descansada.
Vejo pessoas capazes e suficientes de encontrarem o melhor para si e por si. Há respeito por mim e pelo outro.
Dentro de mim, algo me diz,
agora, que determinadas experiências, sendo stressantes no momento em que as vivemos, trazem coisas boas a cada um se estivermos dispostos a
encontrar o ‘’bom’’ no ‘’mau’’.
Eu sou livre quando torno os
outros livres. Para serem quem são e para experienciarem a vida tal como são, como for melhor para si, mesmo que eu não concorde. O que é bom para mim pode não ser bom para outros.
Sem a
minha necessidade de querer controlar o que se passa, a vida torna-se mais leve.
Quando um pai e filho adultos discutem, só sei que é bom para eles porque está a acontecer. Não sei que experiências de amadurecimento estão ali a ser desenvolvidas. O assunto não é comigo. Não tenho de me envolver, como mãe ou companheira. Antes, tomava partido na discussão. Agora respeito o processo deles.
E posso voltar a atenção e abraçar quem sou nos meus conflitos.
Dei conta de que a vida é um encontro
a tempo inteiro connosco.
E que direito tenho eu de querer impedir
os outros de se encontrarem consigo próprios?
Quando estou a querer interferir na vida de outros, estou a ausentar-me da minha vida.
Estou a impedir-me de experienciar o amor verdadeiro dentro de mim, por mim e pelos outros.
Quando quero resolver os assuntos de outros (e pode ser até, num curso ou workshop quando um formando reage ao que o formador diz, defendendo que ''não concorda'' e um colega sai em defesa do formador ou vice-versa), talvez seja apenas eu a
sentir-me incapaz de lidar com a situação ou talvez um medo de algo .
Ou talvez eu me tenha sentido incapaz e impotente ou com medo, nalguma situação do passado
que ainda está por cicatrizar e agora leva-me a querer resolver situações por
outros, talvez saia em defesa de outros ou na minha própria defesa, talvez isso acalme algo dentro de mim. A minha experiência mostra-me que poderá apenas momentaneamente dar-me paz. Na verdade, o desassossego permanece dentro de mim.
Observo ainda que viver é cair e
levantar, é errar e aprender, ou não…e que não há erros.
Tudo acontece pelo nosso bem maior e pode levar-nos a relações mais maduras, connosco e com os outros.
Poderá levar-nos à tomada de consciência de quem somos, das nossas forças e fraquezas. Dos nossos limites humanos.
Do encontro com o amor em nós, conseguimos ver os outros com amor. O amor inclui tudo o que são e tudo o que vivem, assim como tudo o que somos e todas as experiências que vivemos.
A vida funciona como funciona, as pessoas são o que são, fazem o que fazem e muitas vezes
não se encaixam nos nossos conceitos de funcionamento!
E podemos ficar bem connosco, com os outros e com a vida se ficarmos quietos a observar e ouvir o que as circunstâncias, os outros, nos estão a querer mostrar de nós próprios que ainda não reconhecemos em nós. E essa informação chega de dentro de nós e não de fora!
Não me transformo numa pessoa passiva ao tornar-me consciente de mim nos dramas que vivo. Posso tornar-me responsavel pelos meus comportamentos, ainda que eu não tenha poder para controlar as circunstâncias da vida.
Investigue e descubra por si!
Ângela Antunes
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