quinta-feira, 9 de abril de 2020

Deixar de ter dinheiro para tudo o que queres, não te leva à pobreza.


A vida parece funcionar como o mar.
Sempre em movimento, ondas maiores e outras menores onde até conseguimos balançar e boiar.

Num momento súbito, estamos distraídos com tanta coisa à nossa volta, não percebemos que a água recua e de repente surge uma onda gigante que ninguém esperava.
É a observação que faço da natureza e da natureza da vida, que farão parte do mesmo, tal como nós humanos.

Quando aparentemente está tudo a correr bem, segundo as crenças sociais com que fomos formatados  -  para viver bem é preciso ganhar bem,  ir ao cinema todas as semanas, comprar roupa  todos os meses, viajar, comer fora frequentemente; é preciso comer um certo tipo de carne de porco ou de caça de uma certa região ou ter uma adega com vinhos do Norte porque esses é que são bons, é preciso ir ''tomar um copo'' com os amigos todos os dias ou todas as semanas para me manter no ''social'', é preciso substituír o telemóvel por outro com mais funções (que não me aproximam de quem sou) e por aí fora - e a vida envia uma onda gigante que nos vai abanar, fazer confrontar com essas crenças sociais que nos afastam de nós, da nossa Essência, do caminho da nossa Alma.

Essa onda tem o potencial de nos fazer sair da fantasia e de assentar os pés e a atenção em nós e realidade (Realidade são os factos sem a minha interpretação, conceitos ou assumpções).

O que era urgente, deixou de ser. O que era importante, afinal não é assim tanto. O que era relevante, já não é. Deu lugar a outras coisas, realmente essenciais e que têm o potencial de nos fazer viver mesmo bem apesar das circunstâncias serem como são.

Quando de repente deixas de ter dinheiro para fazer tudo o que querias e gostavas e achavas que precisavas

És confrontado(a) com algo que desconhecias e a vida ficou virada do avesso. Sentimentos de impotência, incapacidade são normais. Sentir medo, angústia, ansiedade, é normal. Faz parte da experiência de ser humano. Há maneiras de aprender a lidar com emoções de forma construtiva, escutando as suas mensagens para cada um de nós.

Uma das crenças sociais que tornam a nossa vida num desassossego é acreditar que ''agora tenho menos dinheiro para gastar, estou a ficar na pobreza'' - Investiga!

Deixar de ter dinheiro para tudo o que queres, não te leva à pobreza. (ainda que de um momento para o outro qualquer um de nós possa perder tudo o que tem - a vida é um mistério!) Poderá levar-te à riqueza da Consciência. Poderá levar-te a encontrares em ti, o teu verdadeiro EU.  O Eu-profundo e Sagrado.

A riqueza está dentro de ti e na forma como observas e vives a experiência e o que dela retiras. A riqueza que começas a observar no exterior, a ideia que tens de ti, dos outros, da vida pode transformar a tua experiência.

Terás de ser tu a descobrir por ti e viver essa descoberta para que seja real para ti.
Vivi esta experiência há uns 4 anos e o que escrevo aqui é o resultado do que experienciei e aprendi.
O que aprendi dá para fazer um pequeno livro mas ainda não me surgiu a decisão de o fazer.
Graças a essa experiência não estou a sentir dificuldade em viver o momento atual. É tudo muito simples. Funcionamos bem com a vida quando vemos as coisas como ela são, com clareza e objetividade; quando questionamos as histórias da nossa mente. Quando queremos aprender com as experiências e estamos disponíveis para colaborar no que as situações pedem, escutando quem somos, no nosso íntimo e seguindo essa voz interior.
Angústia, medo, ansiedade que senti muitas vezes,  deram lugar a sabedoria, experiência vivida, confiança na minhas capacidades e a sentir-me mais capaz de viver a vida que se apresenta, respondendo momento a momento e descobrindo respostas momento a momento, onde aprendi a viver com: ''O que posso para fazer agora?'' (uma pergunta sagrada que me acompanha todos os dias).
Quando de repente tens de viver com muito menos dinheiro do que tinhas antes e tiveste de alterar os teus hábitos e adiar planos, fica a saber que és muito abençoado(a)!!!

A situação está a empurrar-te para fazeres outras coisas, para aprenderes novas coisas, quem sabe desenvolveres talentos e capacidades que já tens, só que ainda não deste atenção a ti o suficiente.

Empurra-te para aprenderes a pedir ajuda ou aceitar ajuda sem  tirar conclusões, sem julgamentos (mesmo que pareça que estás a abusar ou a explorar alguém - questiona esses pensamentos). Lembra-te que a vida funciona sem crenças sociais e culturais - observa o mundo Natural.

Há uma Riqueza dentro de ti. Tens capacidades e habilidades que desconheces ou que não reconheces e que te são pedidas nesta situação de grande mudança que o planeta vive agora. Há também uma riqueza oculta em cada situação difícil.

Como irás conhecê-las?

Indo ao encontro do que a situação pede ... podes fazer o que eu fiz. Começando por falar a amigos, familiares,vizinhos, conhecidos e desconhecidos que encontras na padaria, no talho, no supermercado, no café, etc.

Não para teres pena de ti ou que tenham pena de ti. Antes para perguntar se sabem de algo que te possa ajudar a encontrar soluções para ti. Que contactos têm ou se já passaram por experiências assim e como ultrapassaram. Isso poderá dar-te ideias do que fazer. Além disso irás aperceber-te que não estás só e o teu caso não é único.

NÂO SABES se uma ajuda pode vir de um desconhecido e não de alguém que imaginas que te pode ajudar. Nem imaginas como é corrente aparecerem desconhecidos que te dão contactos e boas ideias.

Contacta instituições. Há imensa gente e empresas a ajudar gratuitamente. Observo imensa bondade e compaixão nas pessoas em todo o lado. Estou encantada e de coração cheio com o movimentos que observo, graças a uma pandemia global, que não sendo uma coisa boa, em consequência, está a revelar um mundo novo e uma nova humanidade que andaria escondida.

Há também a vergonha de pedir ajuda. Por detrás da vergonha há mentiras que ainda não terás investigado.
Posso dizer-te que só custa as primeiras vezes.

Depois torna-se natural. Surge um reconhecimento interior de existir em mim e nos outros... bondade, compaixão e amor. A vida traz-nos ajudas através de outros que nem conhecíamos antes. Depois de me ajudar a mim, comecei a ajudar outros. Faço parte de uma instituição que ajuda pessoas com carências temporárias e já me envolvi em vários projetos para ajudar desconhecidos.
Passei pela experiência e agora ajudo outros.

Este reconhecimento poderá trazer-te, eventualmente, uma força interior, uma confiança, um sentido de segurança, um preenchimento, uma gratidão e apreciação interiores tal como me aconteceu.

Esta experiência e a forma como lidei com ela (graças às ferramentas do trabalho da sombra que também uso com clientes) mudou a minha forma de ver, pensar, relacionar, comportar; mudou as minhas prioridades e interesses.

Sentir que não há erros.
Sentir que a vida tem modos de operar para nos ajudar que nunca iremos compreender nem temos de julgar, condenar, criticar ou assumir o que quer que seja.  Quando começas a viver atento e presente para ti e para a vida, começas a discernir estas coisas e a verificar que estás ligado(a) ao funcionamento da vida. E que a forma como respondes à vida irá influenciar a vida que vives.

Quando pedes ajuda, mesmo que ao Estado, não partas do princípio que vão recusar ou dar-te uma determinada resposta. Foi numa abertura interior, humildade e vulnerabilidade que me dirigi a várias pessoas e instituições, incluindo o Banco. Expus a situação e pedi auxilio. Fiquei rendida, maravilhada e incrédula com tanta generosidade de todos. Cada vez que me lembro, choro de agradecimento. Deixa-te surpreender,  quando assumes que desconheces como funcionam as coisas.

Aprende a questionar a tua mente sobre o que pensas das circunstâncias e a tua vida e circunstâncias irão transformar-se!

Esta situação de Pandemia ou outra em que te vês privado(a) daquilo que tinhas antes 

  • Pode levar-te a sentir entusiasmo pelas coisas simples que a vida te oferece diariamente e talvez não tenhas reparado ainda;
  • Poderás dar por ti a descobrir novas relações de intimidade contigo e com outros;
  • Poderás descobrir que afinal vives bem com coisas simples como andar descalço e sentir o chão, brincar com os filhos no chão e rirem juntos;
  • Poderás descobrir a criança que ainda existe em ti que talvez tenhas esquecido dando-te a disponibilidade para rebolares na areia da praia ou correres a casa de gatas... coisas que parecem loucas para um adulto; a tua criança irá divertir-se!
  • Poderás dar por ti a perceber que afinal não precisas do que pensavas precisar, onde gastavas dinheiro inutilmente e que afinal podes viver bem e satisfeito(a).
  • Poderás ganhar uma nova consciência e perceção de ti e da vida que vivias e a que realmente faz sentido viver; o que é inato da nossa Essência, faz-nos sentir bem.
  • Poderás aperceber-te de que a vida auxilia sempre, desde que estejas disposto (a) a ir ao encontro do que a situação pede para fazeres, aprendendo a estar atento e observar e seguir essas indicações, que são muito simples.
  • Provavelmente, virás a pensar, daqui a um tempo ''ainda bem que isto aconteceu'' - quando chegares a esta fase, terás aprendido grandes lições da vida e estarás mais apto e capaz do que nunca para viver quem És de verdade.
  • Poderás descobrir que quando a vida altera algo na tua vida, pretende fazer-te olhar profundamente para ti, para a vida de outra maneira, onde te aproximas de ti e dos outros.
  • Poderás vir a descobrir o quanto te esforçavas para te sentires amado(a), compreendido(a), apreciado(a), integrado(a) e reconhecido(a) e o preço que pagavas por viveres afastado(a) de ti. 
  •  E agora estás a ter a experiência que te pode levar à descoberta, ao fazer a jornada, que isso tudo já existe dentro de ti e sentires fisicamente esse efeito... seres amado(a) por ti (ex. pedir e/ou aceitar ajuda) ; compreenderes o teu mundo interior ... o que te move, em que acreditas que prejudica a tua vida, o que te beneficia, como te relacionas, o que te afasta e o que te aproxima de quem és;  pedir o que necessitas; compreender as necessidades de outros; reconhecimento do valor que tens (és tu que vives a experiência e a ultrapassas) e reconhecer valor noutros, mesmo quando vivem de maneira diferente da tua ou têm ideias e comportamentos diferentes dos teus;  o reconhecimento das tuas capacidades inatas que agora se revelaram e talvez te comeces a reconhecer como completo(a), como sendo amor. E já não precisas de agradar a outros.
  • Poderás descobrir que tens tudo o que precisas. E o que precisas é o que tens agora. E o que não tens será porque não precisas e se tiveres perdes-te de ti em fantasias - isto era eu 😊... uns anos de trabalho interior e conseguirás constatar o que está a ser dito aqui e viver bem com isso.
  • Poderás descobrir que a vida vem ao teu encontro e auxilio quando te rendes às circunstâncias e vives diariamente com perguntas como:  ''o que posso fazer agora?'', ''Como posso colaborar?'', ''como posso ajudar?''
  • É natural e OK sentir resistência, inicialmente. Muitas vezes este ainda é o meu processo até tomar consciência de algo, explorar e descobrir a verdade e a resistência solta-se.
  • Provavelmente aprenderás a benção escondida no  ''não ter nada para fazer'', que poderá levar-te fundo na amizade e amor por ti e pelo Ser Humano em geral.
  • Poderás deliciar-te e sentires-te abençoada(o) a seguir o voo de uma ave no céu.
  • Poderás deliciar-te e sentires-te rico(a) ao sentir um raio de sol na cara;
  • Poderás sentir-te deliciado(a) com a brincadeira e riso das crianças que observas (se te irritam as brincadeiras e risos de crianças é ok. Talvez te esteja a pedir trabalho com a tua infância);
  • Descobrires algo belo em ti ou num ser humano desconhecido ou conhecido de que nem gostavas antes...e agora até estás a apreciar...
  • Apreciar a sabedoria de uma árvore diante da tua janela em que não tinhas reparado, ainda que a vejas há uns anos - O que observas? como vive ela? o que faz? como se comporta? Delicioso!Depois olha para ti e descobre como ela te conta coisas sobre ti. delicioso!!
  • Poderás sentir-te abundante e rico(a) ao apreciar a abundância que te chega num cabaz que alguém te entrega à porta. E até ficas de coração cheio ao admirar um ramos de cenouras com rama! Afinal até tens alguém a servir-te! És importante e amado(a)!!
  • Talvez comeces a apreciar aquelas pessoas cujas profissões eram consideradas menos... quem varre as ruas, quem faz distribuição, quem trabalha na agricultura, quem te serve o café, o pão, a fruta... já agradeceste pessoalmente a alguma delas?
Agora procura tu as bençãos, o que estás a ganhar em consequência desta situação que vives agora, em que ficaste com muito menos recursos financeiros para fazer o que gostavas ou até pagar as contas (foi o meu caso).

O que podes fazer neste momento por ti?
O que descobriste de novo?
Que novas bençãos entraram na tua vida?

Arranja papel e vai escrevendo cada BENÇÂO que encontrares.

Vai lendo a lista durante vários dias. 
Sente cada palavra que escreveste. Observa a tua vida à luz dessas descobertas.

Descobre a riqueza e abundância que está disponível para ti, mesmo quando ficas sem recursos ou com menos recursos do que tinhas antes.
Aprender a viver com menos e não precisar de mais é muito simples. Tal como a vida!

Um abraço amigo, 💓💚💙



Ângela Antunes

Facilitadora do Trabalho d’A Sombra Humana | Educação Emocional 
Quando queres ver a vida de outra maneira...


Sessões à Distância | Presenciais em Odivelas (Quinta Nova) e Lisboa (Espiral)

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