quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Quando segues o teu Coração e não participas em conversas inúteis (no trabalho)

Será que costumas almoçar com colegas diariamente, onde as conversas caem normalmente no falar mal do comportamento de um colega, uma decisão do Administrador ou o que está mal no mundo ou as noticias de ''faca e alguidar'' que ontem passaram na tv?

Como te sentes cada vez que participas nestas conversas inúteis? Como passas o resto do dia? Sonhas com uma vida diferente e pões a tua energia e atenção em assuntos que não te levam para a frente?

Como te sentes? Entusiasmado, com energia ou desanimado e em baixo, sem vontade de trabalhar, com a mente cheia de pensamentos do tipo ''a vida não tem sentido; ou isto nunca vai mudar; é sempre mais do mesmo;''?
Será que estás presente por sentires vontade?ou
Será que estás presente apenas por medo de vires a ser o motivo das conversas alheias se te respeitares e te afastares daquele ambiente?
Se não estás de acordo, não participes! Ninguém te obriga! Talvez os teus pensamentos (decorrentes do condicionamento social) te façam sentir que ''és obrigado'' e na verdade, não és.

És livre.
Esta liberdade, só darás por ela se te permitires não acreditar nos pensamentos que te surgem na mente, explorá-los, investigá-los, questioná-los. Aí é que irás ver as coisas de forma clara, sem distorções do social, como uma lufada de ar fresco que entra na tua mente e aí sim, a liberdade de ser quem és, de acordo com o que sentes, será uma realidade no teu dia-a-dia, onde não há medo. Novas perspetivas dão lugar ao amor!

Se queres que a vida te traga uma nova Realidade diária e se queres dar um salto de consciência, não invistas o teu tempo em conversas alheias e inúteis a falar mal de outros ou de coisas que não consegues mudar.

Concentra-te em ti e no que tens em mãos.
Dá o teu melhor no que fazes, mesmo que não gostes. Procura as bençãos de estares onde estás a fazeres o que estás a fazer! Talvez a vida tenha um motivo que ainda desconheces.
Cuida da tua vida e daquilo que podes mudar, se estás insatisfeito/a.


Uma experiência real da minha vida, que atravessei e ultrapassei de forma construtiva e onde me senti apoiada pela vida:

Há vários anos, vivi esta realidade de me juntar a grupos de colegas para falar mal de algo, tanto durante o horário de trabalho como ao almoço.

Falávamos do que estava mal. Eu queixava-me de tudo. Dos papeis que alguém tirou do sítio e não voltou a colocar no mesmo lugar; da empregada de limpeza que me desarrumou a secretária; do cliente que não parava de ligar a fazer perguntas idiotas; do modo como a chefe respondeu á colega X e Y; à decisão do Administrador àcerca de um processo de um cliente; da colega que falava alto; do colega que tinha uma letra horrível que ninguém percebia; do almoço que outra colega tinha trazido (como era possivel alimentar-se daquela maneira!!); tudo servia de pretexto. O mundo estava todo errado (menos eu 😊).

Chegava ao final do dia cansada, desanimada. Esta conversa que havia em grupo onde todos davam a sua opinião era apenas uma forma de escapar aos pensamentos que me atormentavam: ''a vida não tem sentido; nunca nada vai mudar, para quê esforçar-me? é sempre mais do mesmo''.
Estes pensamentos tiravam-me a vontade de viver.

E no dia seguinte lá estávamos nas conversas outra vez.
Nada mudava.

Foi em 2002 que comecei a sentir-me farta das conversas e sentia necessidade de fazer coisas diferentes. Um dia, decidi passear na hora de almoço e vi numa montra vários livros sobre espiritualidade. Um deles chamou-me à atenção. Entrei e comprei-o.

Não vou dar o nome do livro porque hoje já não acredito naquela forma de ver, viver e interpretar a vida. No entanto, na altura serviu-me para começar a ter acesso a ideias diferentes, completamente desconhecidas para mim e que ao mesmo tempo me traziam uma esperança de que afinal as coisas poderiam ser diferentes e a vida não era bem como eu pensava..

Fiquei entusiasmada e curiosa e quis ler. O meu tempo livre para dedicar a mim, na altura (tinha dois filhos com 2 e 5 anos) era apenas a hora de almoço - ''1h30 Sagrada''.

No dia seguinte não me juntei aos colegas, ao almoço.
Fui para um banco de jardim e ali fiquei a ler.

Assim passei vários anos e assim aproveitei a minha ''1h30-de-almoço-Sagrada'' a ler, a estudar, a fazer trabalho interior, no jardim ou numa esplanada de um café se estivesse a chover.
Deixei de participar em conversas inúteis, que me cansavam e a dedicar-me mais a outras coisas, conforme ia aprendendo.

Esta mudança não foi bem recebida. Eu falava menos.
Comecei a ouvir comentários que me incomodavam muito. Na altura não tinha ferramentas para lidar com aquele mal-estar, desconforto.
Vim a saber que também eu passei a ser motivo das conversas dos grupos de almoço e não só. Contaram-me. Foram tempos muito difíceis.

Ao mesmo tempo, havia uma força dentro de mim, que me dizia ''o que estás a fazer é para fazer''. E eu continuei. Não sei se foram 10 ou 12 anos.

Entrava ao serviço depois de almoço, completamente revigorada e confiante, depois de ter estado nas minhas leituras, estudos e reflexões! Algo dentro de mim ''sabia'' que era o ''caminho certo''.

A certa altura, surgiu uma oportunidade de sair daquele escritório (a minha área era o turismo) e ir para outro, da mesma empresa, nas redondezas. Aceitei logo. Um alívio. Eu pensava ''obrigada vida por esta oportunidade''. Até àquele momento não quis pedir transferência para outra loja do mesmo grupo porque pensei ''se o fizer, estou a dar parte fraca e fiquei com medo que as coisas piorarem-se e os ''zum-zuns'' a falar mal, corressem por outros colegas - e mais uma vez fui desleal comigo e dei força à máscara que montei desde pequena onde ''tenho de ser forte''!

NOTA: Tudo vem por bem. Tomar consciência disto e receber este reconhecimento da nossa humanidade com carinho e compaixão é um primeiro passo para a cura interior!

Aproveitei estes stresses e angústias e medos que tinha sentido no trabalho, para ir dentro de mim e, nessa altura já com a ajuda do trabalho da sombra (2009). Fui recebendo informação que havia ali para mim. A vida falava comigo. Fui-me sentindo bem em relação àquelas pessoas e a maneira de as ver foi mudando sem eu dar conta (passaram uns 2 ou 3 anos até que isto acontecesse naturalmente - não há botões mágicos).

Dentro de mim foi-se aprimorando a capacidade de escutar e seguir a voz interior que me guia no melhor para mim e que traz bem-estar interior comigo e com os outros. Hoje sinto-me agradecida a mim, por ter conseguido escutar aquela voz e segui-la, quando naquela altura se riam do que eu dizia, do que fazia, durante o trabalho e eu sentia-me gozada e sentia-me impotente para lidar com a situação. E mantive-me fiel a mim.
A vida ensinou-me muito e também me sinto agradecida por isso!

Há ex-colegas de turismo que seguem esta página e que presenciaram. Agora ficam a saber um pouco mais que na altura não revelei.

Um dia, para minha imensa surpresa, tive a visita de algumas colegas desse grupo que passavam pela loja onde eu estava (agência de viagens), na sua hora de almoço e entraram para me visitar!

Eu nem queria acreditar! Tive vontade de chorar. Sai da loja por um bocado, com o pretexto de tomar café e chorei (na altura não conseguia mostrar este meu lado humano 😁 ), chorei, chorei.
Mergulhei em reflexões e nas descobertas que fiz sobre isto!

Depois dei por mim a contactá-las e a perguntar se podia tomar um café com elas.
Passei a visitá-las de vez em quando. Estas relações mudaram 360º.

Surpresa desta história:
- Inicialmente pensei que elas tinham mudado de ideias a meu respeito;
- Vim a descobrir que afinal EU é que mudei a minha perceção àcerca delas, na medida em que ia fazendo o meu trabalho interior sobre este assunto. Sem me aperceber.

Assim é a vida. brinda-nos com coisas inesperadas quando estamos dispostos a olhar para dentro e a descobrir a verdade sobre o que nos incomoda, assusta, angustia, etc., deixando de acusar, culpar outros e sendo leais connosco, não importa o que se passa fora.

Este é o poder do trabalho da sombra quando estamos dispostos a mergulhar dentro de nós e a explorar o que nos incomoda com vulnerabilidade e humildade de aprendiz;

Deste grupo, variadas dessas pessoas começaram a dedicar-se à Espiritualidade, a ler livros de auto-ajuda, a fazer formações, a pedir-me opinião nesta área, uma vez que eu já levava uns anos de experiência. Inicialmente tinham criticado por me dedicar a estas áreas.
Aproximámo-nos! E ainda hoje tenho uma boa relação com todas aquelas pessoas e cada vez que nos encontramos fico tremendamente contente por dentro. Sinto isto verdadeiramente. Passei a ver coisas belas e boas em cada uma delas.

O que fiz?
Fui leal a mim, segui o Coração.
Isto também me aconteceu na familia e o relato ficará para outro dia em que esteja disposta a escrever.

Quando digo (e coloquei um texto no blogue anteriormente) ''quando não concordas com algo, não participes'', quero mesmo dizer que tu não sabes o que a vida quer ensinar a ti e a quem te rodeia, através do teu comportamento, através de ti. É aplicável a todas as relações.

Só quando és leal a ti, escutas e segues uma parte de ti que te está a empurrar para fazeres ou falar algo diferente do que outros fazem ou dizem, e que sentes dentro de ti como ''verdadeiro'', é que quem te rodeia tem a oportunidade de aprender contigo.

Mesmo que não te compreendam, que te acusem, censurem, condenem ou deixem de conviver contigo, sem saberes estás a ser de serviço a outros, de uma forma inconsciente.

Tu não sabes que experiências e bençãos a vida guarda para ti e para quem te rodeia, ao trazer-te estas experiências com outros que discordam da tua maneira de ser, ver as coisas, viver, comportar, se tu fores leal a ti e seguires o que o teu coração sente. Não ir atrás de outros!

Para mim, a vida estava a pedir-me que olhasse para dentro de mim e que seguisse o que é válido para mim. Estava querer ensinar-me a confiar em mim sobretudo quando outros não estão de acordo comigo. E que não preciso da aprovação de ninguém para ser e seguir quem sou! Essa foi uma grande lição que só consegui captar uns anos mais tarde. No entanto, na altura consegui escutar e seguir o meu interior! Senti-me forte e confiante pela minha decisão!

Quando não estás de acordo, não participes!
Segue a tua orientação interior, aquilo que te traz bem-estar interior!
Aprende com as experiências.
Retira a informação que está  ali para ti e deixa que os outros façam as suas!

Quando és leal a ti mesmo/a, estás a ensinar quem te rodeia que também pode ser leal consigo mesmo. Que é uma capacidade que também possuem, talvez por desenvolver.

Nota: neste texto estou a referir-me apenas a convívios extra trabalho e não convívios necessários e que fazem parte do próprio desenrolar do trabalho. Será outro tipo de abordagem que não estou a referir aqui neste texto.

Boas reflexões!

Ângela

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