quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Da Inveja ... à Bondade

      
Vejo pessoas bondosas à minha volta... e sinto-me bem.Vejo situações onde há bondade ... e quero estar ali ! 
E será que a Bondade se encontra lá fora ?
Quem sente a Bondade ?
Eu não sei se o outro naquele momento sente bondade. Eu vejo que tem uma ação que eu qualifico de ''bondosa''. 
Quem vê um ato de Bondade, naquele momento ? Eu.
Quem sente fisicamente essa Bondade, naquele momento ? Eu.

Acredito que haverá pessoas com quem nos cruzaremos ao longo da vida que irão mostrar-nos a nossa própria Bondade, que muitas vezes não reconhecemos em nós. 

O que não reconhecemos em nós, é muito provável que esteja escondido no inconsciente... a que Carl Jung chamou A Sombra Humana!
O que se encontra fora dos radares da nossa mente irá projetar-se à nossa volta. Eu posso estar a despertar e reconhecer a minha bondade em ações de outros ou posso continuar a dizer que são os outros e que eu também gostava de ser assim e não sou e sinto inveja e cá dentro passam pensamentos não muito bonitos àcerca de mim... !! E isto aconteceu-me recentemente.

E descobrir a Bondade nas situações que me incomodam, onde me sinto magoada, onde me sinto rejeitada? 
Reconhecer-me ''invejosa'' era algo desconfortável para mim. É uma realidade. Há uma parte de mim que sente Inveja, às vezes.

Amar-me completamente, passa por aprender a amar o que não gosto em mim, o meu lado Invejoso, aquele que quer estar nalgum lugar, e não está, quer estar com alguém e não está... quer uma realidade que não está a viver... de momento não é possivel. 

Não posso sentir bondade quando não a sinto. Forçar-me mentalmente a sentir o que não sinto é violentar-me. É como a gratidão. Como posso forçar-me a sentir-me grata quando sinto revolta, ressentiumento?
Onde aprendemos que há emoções negativas? Há emoções. Ponto. E muitas não são aceites em sociedade. Vamos querer evitá-las para não sermos rejeitados.

Rejeitar uma emoção que faz parte de mim, não é amar-me. É dar poder ao que está na sombra.

Será que andamos a ouvir o ''espitualmente correto'' e acreditamos em tudo ? Eu já fui assim. Comigo não funcionou. Hoje, acredito que já nascemos seres humanos e espirituais. É o que tenho observado à medida que vou trabalhando a minha sombra.

Inveja, faz parte das emoções humanas. A nossa condição é de humanos. 
A Inveja, tal como outras emoções, segundo a minha experiência, guia-me no caminho para dentro de mim, para a minha essência, para viver a partir de quem sou com integridade.

Como poderia eu ''saber'', sentir o efeito físico da Bondade a preencher todas as minhas células, a acelerar o bater do coração, algo que me faz sentir preenchida sem sentir dentro de mim também a maldade, a inveja, o ciúme, a raiva, tristeza , o medo ... ?

Reconhecer a emoção ''Inveja'' e ficar ali presente com ela, sem a afastar ou substituir por outra coisa, a sós comigo. Emoções querem viver-se. Poderão estar reprimidas na sombra. Emoções que nos ensinaram que são negativas, são como mensageiros do Universo, da Inteligência criadora da vida. Trazem algo para nós. Ficar presente, sentir o que estou a sentir... ela esgota-se e surpresa !! Cada um poderá ter a sua !

A mim, trouxe-me ... a rendição à situação, a comunhão com o momento. Uma mente que parou de ''não querer'' ... Uma energia começou a invadir o meu corpo, um bem-estar a espalhar-se, um calor no coração... um preenchimento sem palavras. Tudo está bem tal como está.

Estando atenta... dei conta de que havia agora pensamentos bondosos a passar na mente. Não havia dramas.

Não substituimos pensamentos. Eles fazem esse trabalho sozinhos. Eles trazem sabedoria e quando apanhamos a lição que tinham para nos ensinar, não são precisos e vão-se embora. Vêm outros.

A situação era a mesma. Os pensamentos agora eram bondosos, sobretudo em relação a mim.
Fiquei mergulhada neste bem-estar interior.

Voltando ao que escrevi no inicio, quem sente a Bondade?  Eu.
Sobretudo beneficia-me a mim. Os outros irão beneficiar por consequência...

A Bondade é a essência de cada ser humano...ela existirá mesmo que eu não esteja consiente dela!

Desejo-lhe muitas bençãos !

Ângela Antunes

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