
Retiramos-lhes a oportunidade de fazerem descobertas valiosas e úteis para si.
Estamos a impedi-los de se tornarem conscientes de si.
Por detrás de muitos gestos
nossos encontram-se ‘’necessidades’’ ocultas.
Por detrás de gostar e querer
‘’ser prestável’’, lá bem no fundo, estará, muitas vezes uma necessidade antiga,
de chamar a atenção de outros ‘’Estou aqui. Sou importante. Presto. Tenho valor’’.
À medida que nos tornamos mais observadores
e conscientes dessas coisas ocultas que movem os nossos comportamentos - que nos levam a fazer coisas para agradar a
outros e a afastar-nos de quem somos
- e à medida que começamos a
questioná-las, naturalmente começamos a ter comportamentos mais íntegros e
amorosos para connosco e que nos aproximam de quem somos na Essência.
É aqui que poderá surgir o
discernimento de quando ‘’ser prestável é sinónimo dar ferramentas, em vez de fazer o trabalho pelo outro’’ . O
outro poderá fazer ou não. Já não é da nossa conta. A experiência, aprendizagem
e a descoberta passam a ser suas.
‘’Ser prestável’’ é um
atributo da nossa natureza humana.
É diferente quando ‘’ser
prestável’’ é um comportamento movido por uma necessidade de agradar ao amigo, ao
filho, a um colega; acreditar em coisas como …
‘’eu tenho de fazer o que penso que o amigo espera que eu faça, quando
me pede ajuda, porque os verdadeiros amigos estão cá pró que der e vier e têm
que estar sempre disponíveis mesmo que isso signifique não respeitar a minha
vontade naquele momento’’.
‘’se não estou sempre disponível para a mãe, significa que sou uma má
filha’’
‘’se não ajudo o filho a fazer os trabalhos para levar para a escola
corrigidos, passo por má-mãe e mãe-que-
não- se- importa’’.
Quando não damos ‘’o peixe já
pescado e lhes damos ferramentas para pescarem sozinhos’’, damos-lhes a
oportunidade de descobrirem por si o quanto são capazes, o quanto têm valor e ainda de se tornarem conscientes dos seus limites, das suas fraquezas, das suas falhas, das suas vulnerabilidades que nos tornam a todos Humanos.
Quando deixamos os outros
experimentar, falhar e descobrir por si, estamos a mostrar-lhes que são capazes
e que é OK falhar. É assim que aprendemos e crescemos e amadurecemos. E assim
tornamo-nos mais capazes de assumir responsabilidade pelos nossos
comportamentos em vez de ficar á espera que sejam os outros a trazer soluções à
nossa vida.
O que fazem com esta
aprendizagem… não é da nossa conta!
As nossas capacidades não se
desenvolvem se outros fizerem o que nos compete a nós fazer, seja para nos
facilitar a vida, seja para não passarmos por desafios, seja por outra razão.
Muitas vezes, cruzarmo-nos com
pessoas que ‘’não são prestáveis’’, numa
determinada situação, num determinado momento, é o melhor que nos pode acontecer.
Quando começamos a escutar-nos e
a seguir o que sentimos, à medida que nos respeitamos mais um pouco, em cada momento e na presença de qualquer pessoa, surgirá a informação (dentro) do que for apropriado ser ou fazer, naquele momento, sem as estórias da
mente que vê tudo como ''certo e errado''.
Por vezes é algo tão simples
quanto uma sensação de bem-estar no corpo (significa ‘’sim’’) e/ou uma sensação
de ‘’desconforto’’ no corpo significa ‘’não’’.
Ninguém consegue, de forma
autêntica, ser prestável, disponível, bondoso a tempo inteiro. Ninguém tem de
ajudar tudo e todos, em todas as alturas. Ninguém tem de ser prestável quando
dentro de si há uma vontade de, naquele momento, não estar disponível.
Ser prestável e ser indisponível,
são opções válidas, nenhuma mais do que outra. Cada uma quer viver-se num
momento. Um SER HUMANO COMPLETO vive ambas. Isso é sinónimo de respeito e
integridade consigo mesmo.
E ninguém pode saber o quanto ajudará alguém quando me permito estar indisponível para ser prestável!
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.