quinta-feira, 22 de outubro de 2015

De volta á infância

Hoje, de volta à minha infância e aos dramas que ainda hoje aparecem por detrás de muitas situações que vivo.

Quando menos espero, a reação de alguém próximo, traz à tona aspetos do passado com os quais não estou em paz. Hoje estou agarrada ao papel, caneta e ao trabalho da sombra...
Não são as situações ou as reações das pessoas que provocam o meu stress. Por vezes, trabalho o que me incomoda no presente.
Quando me pergunto ''qual foi a primeira vez que senti aquilo ou em que vivi algo semelhante no passado'' acabam sempre por aparecer situações da minha infância ou adolescência.

Hoje foi um desses momentos:
O medo do pai. E hoje voltou ...
O pai que gritava e partia louça quando se zangava...
O pai que me pedia tarefas quando eu estava a desfrutar a brincadeira ou a ver um filme que eu gostava

Não é o pai. São as coisas que ainda tenho para descobrir nestas situações. Sem mergulhar de novo nelas e sem a permissão interior para receber a lição que me mostram, a carga emocional não desaparece.

Alguns dos significados que atribui na altura...
''não me é permitido desfrutar as coisas que gosto'' (e hoje ''...muito menos ganhar dinheiro com elas'')
'' fazem-me pedidos e eu entendo como ordens'' (muitos anos a não lidar bem com a autoridade e as instruções de outros)
'' se não lhe prestava atenção e me respeitava ao continuar o que estava a fazer, levantava a voz e gritava''

E sim , hoje ainda sou uma pessoa a precisar de atenção de outros e por vezes a reagir da mesma maneira e depois a censurar-me...

Entro no trabalho com a disponibilidade para descobrir as mentiras que se escondem aqui e não para atacar o pai ou para me vitimizar mais! por detrás esconde-se uma verdade amorosa que a vida me quer transmitir, é o que tem acontecido!

O que dói é descobrir que as mentiras em que acreditei.
Depois de descobertas, caem e o mal-estar desaparece. Fica o alivio e a lição aprendida.

A verdade liberta! E não sei qual é essa verdade! Para isso mergulho no trabalho á descoberta.

Uma das mentiras em que acreditei muito tempo é que não havia nada que eu pudesse fazer por mim , para me respeitar, na altura ... e vim a descobrir também que a atitude da minha criança, na altura foi sábia e inteligente! Não fazer o que os adultos pedem, tem consequências. E tudo passa.

Muitos clientes que tenho tido ficam por vezes, impacientes quando não vêem resultados imediatos. Sim, mostram-me a minha impaciência quando muitas vezes quis acelerar o processo, a aprendizagem, a paz cá dentro e isso não acontecia.
Queria resoluções rápidas e tal não acontece.
Acontece quando estamos prontos. 

Costumo falar-lhes de que por vezes trabalhamos uma e outra e outra vez os dramas. As situações vão parecendo menos dramáticas. Com umas ficamos em paz mais rapidamente e com outras não. Tudo a seu tempo.
O que é mais interessante neste processo é que trabalhei a relação com pai e mãe e, ao fim de um tempo, vi mudanças acontecer na relação com a chefe e nas finanças.Aconteceram resoluções inesperadas.

E agora mãos à obra que há trabalho a fazer, aqui dentro!

Com compaixão.

Ângela Antunes 

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